Quinta, 04 de Julho de 2024

Inquérito vai apurar morte de bebê indígena de Fernandópolis

02/07/2024 as 16:45 | Fernandópolis | Da Redaçao
A Polícia Civil deve abrir inquérito para apurar a morte de um bebê de apenas 9 meses depois de passar pela UPA de Fernandópolis e ir a óbito durante transporte ao HCM de Rio Preto. No caminho, a ambulância entrou em Tanabi, procurando ajuda médica.

Segundo os pais de Jay Pirarywy Kamaiura Kuikuro, que registraram boletim de ocorrência, o menino começou a apresentar sintomas de hérnia na região pélvica e febre alta por volta das 19h30 do último domingo, dia 30 de junho.

Na UPA de Fernandópolis, a médica prescreveu dipirona e solicitou exames de sangue. O menino, no entanto, apresentou piora no quadro de saúde e passou a vomitar. Constatando a necessidade de uma intervenção cirúrgica, a UPA solicitou a transferência de urgência para a Santa Casa de Fernandópolis, classificada como hospital primário e para o HCM – Hospital da Criança w Mulher, via Cross - Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde – órgão da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

O paciente foi inserido logo depois das 20h00 no sistema Cross e depois de alguns questionamentos e adendos, o HCM informou que estava com superlotação de pacientes e inicialmente rejeitou atendimento.

Diante da situação, a Santa Casa de Fernandópolis que não possui a especialidade para cirurgia pediatra, se colocou a disposição para um exame de imagem.

O principal detalhe foi a demora de aproximadamente “quatro horas” para o médico regulador do Cross decidir pela transferência da criança ao HCM por meio de vaga “zero”, termo usado para casos graves, quando um determinado hospital não possui vaga para tal atendimento.

A confirmação da internação no HCM chegou por volta da 1h, mas durante o trajeto para São José do Rio Preto, o estado do bebê piorou e ele precisou ser internado às pressas na Santa Casa de Tanabi onde recebeu atendimento médico, mas não resistiu e morreu.

Negação de internação levanta questionamentos


A Santa Casa de Fernandópolis justificou a recusa à internação alegando que não possuía os recursos especializados necessários para o bebê, mas sugeriu a transferência para referência em urologia e cirurgia pediátrica. Já o HCM afirmou que a solicitação de internação chegou às 21h30, mas foi inicialmente rejeitada devido à superlotação.
Em nota, o HCM disse que "após negociação com a regulação Cross, foi possível providenciar a transferência para o HCM à 1h25".

Questionamentos


A demora na decisão do Cross pela vaga zero foi determinante para o agravamento do quadro da criança, já que poderia ter decidido pela remoção ao HCM, 30 minutos após a solicitação da UPA de Fernandópolis.

Repercussão


A morte do bebê gerou grande comoção na comunidade de Fernandópolis e levantou questionamentos sobre a qualidade do atendimento médico na região e demora na decisão do Cross.

O corpo da criança está sendo sepultado no final da tarde desta terça-feira, no Cemitério da Consolação em Fernandópolis.
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