Quinta, 25 de Abril de 2024

Reflexão pós-eleitoral

30/10/2014 as 20:01 | | Da Redaçao
Passada a tensão do período eleitoral, principalmente os últimos dias que antecederam o pleito, as coisas vão tornando aos eixos. Ao menos é o que parece e dentre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Evidente que somos uma democracia ainda incipiente, talvez até imatura, mas não podemos negar que o pleito eleitoral, tirante suas mazelas, foi bem sucedido.

O consenso, agora, é que precisamos investir na reforma política, porém, tenho medo de que, se o governo federal botar o “peso” da máquina na sua aprovação, a emenda ficará pior que o soneto, e servirá para aparelhar ainda mais o governo. Se isso acontecer, e já dizem há tempos os cientistas políticos, no totalitarismo o governo nunca sai do poder, vide os exemplos de Cuba e da própria Bolívia. Então, todo cuidado é pouco.

Penso que o único caminho para alterar esse nosso estado de coisas seria a educação, mas a educação brasileira é tratada com nenhuma importância, usada somente em discursos. Quanto mais ignorantes existir, melhor, e digo isso no sentido daqueles que ignoram, daqueles que estão e continuarão alheios.

Querem ver um exemplo disso? De tudo o que se discutiu na campanha eleitoral, há um conflito evidente entre o chamado emprego pleno e o aumento dos beneficiados pelo Bolsa-Família. Se o desemprego diminuiu, porque aumentou a adesão ao Bolsa Família? Penso que a resposta estaria na desqualificação daqueles que usufruem do benefício. Vou explicar: eles entram no programa, mas não conseguem sair dele, porque não estão nem serão inseridos no mercado de trabalho, principalmente porque falta educação e qualificação. O resultado é óbvio, porque eles não morrerão de fome, mas isso não quer dizer que vivem bem, se alimentem bem, gozem de saúde e etc e tal. Perceberam a importância da educação?

Na verdade, não há um interesse verdadeiro para que exista o pensamento autônomo, no sentido do indivíduo que pensa por si mesmo, ainda que este seja o discurso da educação há décadas. Há, sim, um interesse no indivíduo que atue com a massa, como se fosse membro de uma torcida organizada. Menos mal que a (péssima) idéia dos Conselhos Populares foi abortada pelo Congresso, ainda na ressaca pós-eleitoral.

Eu entendo que o resultado das eleições disse muito mais do que se imagina. A disputa acirrada indica que hoje não existe uma tendência de hegemonização do pensamento na sociedade brasileira. Muito pelo contrário, existe no mínimo uma tendência crescente do pensamento conservador, se compararmos os resultados dessas eleições com os resultados anteriores. Isso ficou muito claro.

Posso até não concordar com todas as medidas do governo federal, mas a política é mais do que o governo federal. Não concordo com a corrupção no Brasil (e tem quem concorde?), porém, a corrupção não é exclusividade do governo. A corrupção existe também em setores privados.

O ensinamento bíblico diz que “o povo de Deus não deve fechar os olhos para as injustiças”, porém, não há como negar que algumas das maiores injustiças no Brasil são sociais e vem se perpetuando através da história. Até quando?




Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)
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