O descarrilamento do trem que invadiu casas e provocou a morte de oito pessoas em São José do Rio Preto mostra a que ponto chegou a omissão. Agora, começou o tradicional jogo de empurra e tentativa de transferência de responsabilidades.
Uma vez mais, quem sofre com isso é a população, que já sentia na pele a desídia do poder público e o descaso das autoridades.
A Polícia e o Ministério Público iniciaram as investigações para descobrir as causas e os responsáveis pelo acidente e a apuração será demorada, porém, fica no ar a suspeita de que, ao final, a responsabilidade provavelmente recairá sobre o maquinista da composição (lembram do caso do bonde de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde o motorneiro foi acusado de ser o responsável?).
Noves fora essa perspectiva ruim, talvez essa seja a grande oportunidade para não só apurar os responsáveis, mas também para adotar medidas que evitem novas tragédias. A mudança dos trilhos é a mais urgente, mas outras podem e devem ser adotadas ao mesmo tempo.
Talvez a tragédia pudesse ter sido evitada se as autoridades escutassem o clamor dos moradores do entorno da via férrea. Segundo relatos de vizinhos, eram evidentes a má conservação dos dormentes.
Além disso, bastava ficar por ali, em qualquer hora, quando o trem passava, para perceber que a velocidade não era compatível com o local e principalmente o excesso de vagões na composição. Isso era reconhecido pelos moradores, todos os dias, que reclamavam mas não encontravam nenhuma vontade de fiscalização por parte do poder público.
As investigações preliminares indicam que o acidente pode ter ocorrido por causa da má conservação dos trilhos e dormentes, além do excesso de peso e falta de manutenção dos trens, mas será necessário aguardar a realização de laudo pericial para definir o que provocou o acidente. Por sua vez, quanto aos responsáveis, todos sabemos quem são.
Só para ilustrar, nunca é demais lembrar que essa tragédia é anunciada diariamente em várias outras cidades cortadas pelas linhas férreas, Fernandópolis inclusive.
Resumindo, embora fosse um típico caso de tragédia anunciada, aqueles que tinham a responsabilidade de fiscalizar não o fizeram e nem deram ouvidos às reclamações. Agora, terão que se explicar, embora nenhuma explicação traga de volta a vida daqueles que se foram, vitimados, uma vez mais, pela desídia. Até quando?