Após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), realizar um corte de gastos da Polícia Militar, houve a rescisão de contratos de limpeza em diversos batalhões e companhias, e agora policiais estão sendo designados para realizar serviços de faxina. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou a decisão, apontando “prestação inadequada dos serviços” como motivo para o rompimento.
A gestão paulista não divulgou o número de unidades afetadas nem as localidades. No entanto, já foram iniciados processos para a contratação de novas empresas. Enquanto isso, o trabalho de limpeza está sendo realizado pelos próprios militares.
No 4º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, responsável por áreas da zona oeste como Lapa, Vila Leopoldina e Perdizes, dois policiais do serviço diário passaram a integrar a equipe responsável pela limpeza das instalações. Entre as tarefas estão a higienização de alojamentos, banheiros e refeitórios.
Um comunicado interno da unidade determina que as atividades de limpeza sejam fiscalizadas por um oficial designado. A orientação é tratada como urgente e deve permanecer enquanto não houver substituição da empresa contratada.
De acordo com a SSP, “a manutenção das unidades está sendo realizada pelos próprios militares, conforme previsto nas normas da Polícia Militar”. Contudo, a situação gerou críticas.
José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da Polícia Militar e especialista em segurança pública, classificou a medida como “desvio de função”. Segundo ele, em entrevista à Folha de S.Paulo, os policiais foram treinados para garantir a segurança pública, não para realizar tarefas administrativas ou de manutenção.
“Essa prática é lamentável e recorrente. Há excesso de policiais realizando trabalhos administrativos que poderiam ser feitos por funcionários civis. Se houvesse essa mudança, seria possível liberar cerca de 5.000 policiais para funções de proteção da população”, afirmou o coronel.
A região abrangida pelo 4º Batalhão inclui áreas com altos índices de criminalidade, como o entorno da estação Palmeiras-Barra Funda. Dados de 2023 mostram aumento nos registros de furtos em delegacias locais, como o 91º DP (Ceagesp), onde os casos subiram de 1.924 para 2.018.
Enquanto isso, o 23º DP (Perdizes) registrou crescimento de furtos de 8.563 para 10.051 no mesmo período. Os roubos, por outro lado, apresentaram redução de 2.574 para 2.423.
