Na última semana o Diário registrou dois incêndios que necessitaram de um grande trabalho do Corpo de Bombeiros de Votuporanga, um foi em uma mata e outro em uma pastagem. Na terça-feira, cerca de oito mil metros quadrados foram queimados na Reserva Ecológica Municipal São Francisco de Assis, no bairro dos Comerciários. Dois dias depois, cerca de 7 km de pastagem e mais 800 metros de plantação de cana e bambuzal foram incendiados na margem da rodovia Euclides da Cunha, no trevo de Cosmorama.
De acordo com o Corpo de Bombeiros local, em 2005 foram registrados 28 incêndios nas margens de rodovia, e este ano, somente até o momento o órgão já calcula 30 ocorrências desse tipo. Em pastagens, até a semana passada, foram somados 23 incêndios, durante todo o ano passado ocorreram 24. Os números induzem a conclusão de que este ano as pessoas com saúde mais vulnerável estão sofrendo muito mais e precisam redobrar os cuidados.
Com a estiagem, os ventos e a umidade relativa do ar muito baixa os danos causados por essas queimadas aumentam ainda mais as doenças respiratórias, principalmente, para quem já tem algum tipo de alergia.
Segundo o pneumologista, Pedro de Souza Mello, as queimadas associadas à baixa umidade do ar é um problema sério. “Aumenta a quantidade de poluentes no ar, e como está muito seco, esses poluentes demoram mais tempo para se dissipar. Com isso, as pessoas mais afetadas são as que já têm uma doença prévia como rinite alérgica e asma brônquica”, ressalta. Ele esclarece que é muito comum as pessoas confundirem asma brônquica com bronquite, para isso ele diferencia. “A bronquite é uma inflamação dos brônquios que é mais comum dar em idosos e crianças, já a asma brônquica é uma doença crônica que afeta a pessoa pelo resto da vida”, destaca.
No entanto, engana-se quem pensa que porque não tem nenhuma doença previamente diagnosticada está livre desse problema. “Nas pessoas em geral aumenta a incidência de infecções respiratórias causadas por vírus, principalmente resfriados, gripes e até as bronquites (inflamação dos pulmões). Em cima disso às vezes tem até uma infecção bacteriana que começa como infecção viral e acaba evoluindo posteriormente para a infecção bacteriana”, alerta o médico.
Então com o clima mais seco e às vezes com mais poluentes no ar acontece o desencadeamento de ressecamento da pele, do nariz, e crises de tosse, falta de ar e chiado. “Normalmente, no inverno, é normal ter esse ciclo, que é o aumento da poluição e os fatores desencadeantes das doenças respiratórias, agora, com as queimadas aumentam ainda mais os poluentes no ar, aumentando assim a gravidade do problema”, explica.