A queima da palha da cana-de-açúcar feita pela Usina Alcoeste de Fernandópolis está irritando moradores da cidade. A prática é feita durante a noite e durante o dia é visível em qualquer parte da cidade encontrar restos de fuligem decorrente da queima da cana.
Em uma residência no bairro Santo Afonso, zona Sul de Fernandópolis, as cinzas são tantas que a moradora diz não agüentar mais limpar o chão e móveis da casa. “Eles não têm respeito com a gente. Eu trabalho fora e ainda quando chego em casa tenho que fazer a limpeza todos os dias”.
O desespero maior enfrentado pelas donas de casa e na hora de secar a roupa. O resto da palha queimada se fixa nas roupas limpas estendidas no varal deixando uma mancha acinzentada.
Um estudo da Unesp em Araraquara mostra que a fuligem da cana contém substâncias que podem até causar câncer.
Pesquisadores do Instituto de Química da universidade identificaram 16 substâncias na fuligem da cana que tem poder cancerígeno e que podem, dependendo do grau de concentração e do tempo de exposição, provocar alterações no sistema hormonal e até no DNA.
Só este ano, em todo o Estado de São Paulo, 1,7 milhão de hectares de cana já foram colhidos, sendo 860 mil por meio de queimada. Desde que a safra começou, a Cestesb já aplicou cinco multas contra usinas que queimaram cana de forma irregular. Um acordo fechado entre usineiros do estado deve por fim a esse método até 2017. Por enquanto a queimada só pode ser feita entre 22h e 6h, em áreas autorizadas e com umidade acima de 20%.
A queima da cana em Fernandópolis é realizada em todas as áreas rurais da cidade, atingindo diretamente os 60 mil habitantes.