A Polícia Civil vai investigar um caso de suposto falso testemunho de dois policiais militares registrado na tarde de sexta-feira (23), em Rio Preto. O delegado de plantão apurou que as informações passadas pelos PMs não correspondiam com as versões dos acusados e de uma das vítimas.
De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais militares foram os primeiros a serem ouvidos pelo delegado de plantão, Allan Francisco Athayde Soares. Os militares contaram que receberam uma denúncia anônima de uma oficina que teria motos de origem ilícita.
No local, os militares encontraram o proprietário da oficina e uma moto quase toda desmontada. Ao consultarem a placa do veículo, constataram a queixa de roubo e identificaram a vítima.
O dono da oficina mostrou outro veículo, que estava no fundo no estabelecimento, e teria dito aos PMs que sabia da origem das motos. Ele teria contado ainda que havia sido contratado por um autônomo, de 23 anos, para trocar as peças.
Os militares ainda disseram que encontraram R$ 8,7 mil em dinheiro dentro da oficina e que o mecânico teria dito que não era dono do dinheiro. Ele estaria guardando para alguém, sem dar maiores detalhes sobre a origem das notas.
O mecânico foi preso pelos militares e levado para a Central de Flagrantes. Os chassis e peças das duas motos foram apreendidos.
Já na versão do dono da oficina ao delegado, ele negou que teria dito aos militares que sabia da origem das motos. Disse apenas que tinha sido contratado pelo autônomo e que havia sido preso e levado algemado.
O homem disse ainda que, chegando na casa do autônomo, os policiais ouviram sobre a origem das motos. O autônomo teria relatado que comprou a moto da proprietária e que ela explicou que conseguiu recuperar o veículo depois de um roubo, mas ainda não havia avisado a polícia sobre o fato.
Ainda de acordo com o dono da oficina, o autônomo teria apresentado o boletim de ocorrência do roubo e que os militares não o conduziram até a Central de Flagrantes.
O delegado Allan Soares, juntamente com um policial civil, levaram o dono da oficina até a casa do autônomo e, em seguida, para a casa da namorada, onde foi encontrado. No caminho, passaram na oficina e pegaram os documentos da moto e o boletim de ocorrência original do roubo.
O autônomo confirmou a versão do dono da oficina, dizendo que os policiais militares falaram com ele mais cedo. Ele disse aos militares que sabia que a moto era roubada e que a dona do veículo iria retirar a queixa.
Sobre a moto da qual as peças seriam retiradas, que constava como furtada, o autônomo disse apenas que não sabia e confirmou ter contratado o mecânico para trocar as peças.
A dona da moto roubada, uma manicure de 49 anos, foi localizada e confirmou que vendeu a moto para o autônomo, sem comunicar a polícia de que havia encontrado o veículo por meios próprios depois de ter sido roubada, em agosto.
A proprietária da outra moto, a que consta com queixa de furto, não foi localizada. No entanto, as versões do autônomo e do mecânico não eram as mesmas sobre o veículo.
Diante das divergências das versões, o delegado decidiu pela apreensão das peças e dos documentos das motos, além de determinar também a soltura do dono da oficina. O caso foi registrado e será investigado como receptação, localização e apreensão de veículo e falso testemunho ou falsa perícia.
A equipe de reportagem do Jornal DHoje Interior procurou o setor de comunicação da Polícia Militar, mas ainda não recebeu posicionamento oficial da corporação.
O caso foi encaminhado para a Delegacia Seccional para investigação.