Para Muricy Ramalho, ética não existe no futebol brasileiro.
Convidado para participar do primeiro Fórum Brasil de Treinadores, em Itu-SP, o técnico do São Paulo não se conteve para falar da falta de transparência que existe no meio atualmente. O comandante tricolor citou duas experiências particulares para mostrar como vai mal a situação dos profissionais da categoria.
Segundo Muricy, um dirigente do clube paulista foi pessoalmente a sua casa, no fim do ano passado, para contratá-lo. O técnico afirmou que não gostou da atitude e pediu para que Milton Cruz avisasse o então treinador Paulo Autuori sobre o que estava acontecendo.
“Ética é uma palavra bonita, mas se usa pouco no país. Não existe no futebol. Meu último exemplo foi no ano passado. Bateu um desespero lá e foram na minha casa. Eu disse para o cara que não concordava e falei para o Milton [Cruz] para avisar o Paulo [Autuori] do que estava acontecendo”, disse Muricy.
“Em 2009, eu estava falando na sala de imprensa, e o Ricardo Gomes estava do outro lado. Isso é o que acontece. Eu defendo que os clubes fiquem no mínimo 15 dias com um interino, para que o treinador não seja exposto. É muita falta de respeito. Se o clube não coloca alguém logo, tem pressão de que não tinha plano B, esse é outro problema. Não existe ética no futebol”, completou.
Emerson Leão, que também fez parte do painel sobre ética no futebol, reforçou as palavras do companheiro, contou o que passou no Cruzeiro, em 2004, e condenou a atitude do Corinthians, de divulgar a saída de Mano Menezes da forma que foi, recentemente.
“A classe de treinador virou brincadeira. Tem clube que troca de treinador seis vezes e nada acontece. O presidente tinha que ser preso. Nós não temos rabo preso com ninguém. Existe ética de treinador para treinador? Não. O Muricy acabou de contar a experiência dele. Isso quando um outro safado e imbecil não planejou a queda do outro para entrar no lugar. Tem até quem telefone para que os jogadores não corram. Aconteceu comigo no Cruzeiro. O Corinthians acabou de cometer uma falta de ética, dizendo que o Mano já não é mais quase o treinador. É uma coisa desagradável”, detonou.