quinta, 26 de dezembro de 2024
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Palha Assada

Para que servem 13 vereadores? Em geral, muito pouca coisa. Imaginem 15, então. E com salários quase dobrados para fazerem o mesmo que já fazem: quase nada. Quer dizer, eles…

Para que servem 13 vereadores? Em geral, muito pouca coisa. Imaginem 15, então. E com salários quase dobrados para fazerem o mesmo que já fazem: quase nada. Quer dizer, eles até têm algum trabalho: ir à Câmara 3 vezes por mês e ficar lá enquanto houver sessão — o que dá em torno de 1 hora.

Agora, façamos as contas: se R$ 5 mil para trabalhar 3 horas por mês é um absurdo, imaginem R$ 8 mil. Dá R$ 2.666,66 por hora de “trabalho”. O Brasil é um país muito justo. E sério, bem sabemos.

O divertido é, estando presente às sessões, observar — eu já observei, diversas vezes — os edis. Pelo menos a metade, tenho certeza, não sabe o que está fazendo ali: apenas respondem à chamada no início — como na “Escolinha do Professor Raimundo”, mas sem nenhuma graça. Durante a sessão, ocupam-se de seus celulares, smartphones, qualquer outro papel, levantam-se, sentam-se, saem, voltam, vão ao banheiro, conversam e contam piadas uns aos outros, riem, gargalham e, de repente, pedem a palavra. Sobem à tribuna para “mostrar trabalho”, esbravejar algo, com voz alterada, como se aquilo desse conteúdo ao que falam — geralmente não conseguem articular uma única frase inteira. Fica a critério de quem assiste definir as cenas: show de horrores ou número de circo. Depende também do cinismo de cada vereador ao falar com cara de pau e voz mansa.

Aqui expresso meu REPÚDIO e minha VERGONHA pela ação dos vereadores que aprovaram, na surdina, o aumento dos salários dos agentes públicos — aqueles que exercem mandato eletivo, os seus incluídos —, mesmo que seja só para 2017, enquanto todos os trabalhadores recebem apenas os reajustes — quando recebem — para repor a inflação. Na verdade, já estão adiantando o seu, confiantes de retornarem à cadeira no próximo mandato. Mas fiquem atentos: eu não voto em quem foi a favor desses absurdos. Da mesma forma, inadmissível que aprovem o aumento do número de vereadores para o próximo mandato sem consultar previamente a população, que na certa é contra esse “trem da alegria”. FERNANDÓPOLIS NÃO PRECISA DE MAIS VEREADORES.

Em época de festa junina, com Copa do Mundo rolando e ninguém olhando para as sessões da Câmara, amoitados, os vereadores quiseram oferecer milho ao povo. Mas o comeram muito rápido, antes que pudéssemos ver, e o fogo continuou lambendo a grelha. Só sobrou a palha assada.

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