segunda-feira, 23 de setembro de 2024
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Pais relatam agressão a filho autista dentro de Associação

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam um caso de agressão a uma criança autista, de 12 anos, dentro da AMA (Associação de Amigos do Autista de Araçatuba). A…

A Polícia Civil e o Ministério Público investigam um caso de agressão a uma criança autista, de 12 anos, dentro da AMA (Associação de Amigos do Autista de Araçatuba). A denúncia foi feita pelos pais do menino, um oficial da Polícia Militar e uma empresária, que resolveram falar depois que foram procurados por mães de outras crianças autistas e pela própria imprensa, após o fato ter vazado nas redes sociais por alguém que possivelmente teve acesso ao acontecido.

Conforme o relato dos pais, ouvidos pelo Regional Press, a agressão ocorreu em novembro do ano passado, dentro de uma sala de aula. Após participar de uma atividade na quadra poliesportiva, o menino, que não fala, foi levado à sala e, ao tentar retirar os óculos do professor, foi agredido com um tapa no rosto.

O caso, no entanto, só foi descoberto pelos pais em abril deste ano, ou seja, cinco meses após o episódio, por meio de uma ex-funcionária da AMA que fora contratada como cuidadora do menino. Ao tomar conhecimento da agressão, os pais confrontaram a diretora da instituição, Sidney Freitas, que confirmou o ocorrido.

O fato coincidiu com a mudança no comportamento da criança, segundo os pais. O menino passou a não querer mais ir para a escola. “Ele passou a demonstrar muita agitação e achamos que era por causa de uma medicação, até que descobrimos a agressão”, contou o pai, que foi vice-presidente da Associação no período de 2014 a 2020.

A educadora Ana Gabriela do Rego Oliveira, que estava no local no dia da agressão, contou à reportagem que o menino estava agitado naquele 17 de novembro e ouviu o grito de uma professora que presenciou o momento em que o garoto levou o tapa.

“Ao ouvir o grito, todos se voltaram para a sala. Eu vi as marcas dos dedos do professor na face direita do aluno. O pior é que aquele educador já vinha dando sinais de que não tinha preparo para lidar com as crianças. Em outra ocasião, já tinha puxado o braço do menino, relatamos à direção, que neutralizou a situação”, contou ela, que foi demitida recentemente, após prestar depoimento à Polícia Civil como testemunha do caso.

Após o tapa, o menino ficou encolhido e a professora que viu a cena entrou na frente do professor. “Ele saiu da sala nervoso, falando que tinha feito algo errado”, contou Ana Gabriela.

O professor agressor foi demitido da instituição no mesmo dia, no entanto, ainda participou de atividades na escola, na brinquedoteca, após a agressão, conforme relato de funcionários.

O caso é investigado pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher de Araçatuba), que instaurou um inquérito civil e, inclusive, já fez a apreensão de computadores na AMA. As salas de aula possuem câmeras de segurança, mas as imagens não foram localizadas pela polícia. A delegada da DDM, Luciana Pistori, foi procurada, mas disse que não poderia falar sobre o caso, que corre sob sigilo.

A educadora Ana Gabriela confirmou que as imagens foram vistas pela diretora da instituição, que teria passado mal ao assistir a cena. “Ela passou mal, mas depois classificou o ato como ‘ação e reação’. Isso é injustificável, porque trata-se de uma criança autista”, afirmou ela, que deu aula por dois anos para o garoto e trabalhou na instituição por sete anos.

A ex-funcionária disse, ainda, que dois dias depois do ocorrido, a direção da entidade fez uma reunião com educadores e auxiliares pedindo que ninguém contasse aos pais o que tinha acontecido e que a própria diretora contaria a eles, o que não ocorreu. Além de Ana Gabriela, outros cinco funcionários teriam sido mandados embora após o ocorrido, por discordarem da postura da atual diretoria.

Para os pais, houve falha da direção da entidade ao não comunicá-los do ocorrido. “A gente já vinha observando que os funcionários não podiam responder perguntas básicas que fazíamos ao buscar o nosso filho, como saber se ele comeu ou como se comportou no dia”, contou o oficial da PM.

Além do inquérito na Polícia Civil, o Ministério Público também investiga o caso, que corre em sigilo e é apurado pelo promotor da Infância e da Juventude, Joel Furlan. Ele também disse que não poderia falar sobre o assunto, mas confirmou que está investigando o ocorrido.

A diretora da AMA, Sidney Freitas, foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas não retornou às mensagens. O presidente da instituição, Denilton Carvalho, foi procurado, mas não foi localizado.

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