quinta, 9 de janeiro de 2025
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MTST ocupa acampamento anti-Dilma em frente ao Congresso

O Movimento Brasil Livre (MBL), que acampa desde o início desta semana no gramado em frente do Congresso, foi surpreendido com a chegada de centenas de militantes do Movimento dos…

O Movimento Brasil Livre (MBL), que acampa desde o início desta semana no gramado em frente do Congresso, foi surpreendido com a chegada de centenas de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na tarde desta quarta-feira (28). Inicialmente, os sem-teto montaram acampamento do lado oposto ao do MBL, mas migraram para o mesmo “setor” dos manifestantes que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A mudança gerou bate-boca entre lideranças dos movimentos.
Segundo o coordenador nacional do MBL, Alexandre Santos, a ação do MTST é uma tentativa de desmantelar o acampamento do movimento anti-Dilma. Com cerca de 30 barracas e 50 manifestantes, o grupo foi autorizado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a fixar estruturas no local – embora um ato conjunto da Câmara e do Senado proíbam atividades do tipo no local, tombado como patrimônio histórico da Humanidade. Com faixas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, eles dizem que ficarão no gramado até o peemedebista decidir pelo acolhimento do pedido de afastamento.

“Ontem , o líder do governo ameaçou a gente em plenário. Aí hoje chega esse movimento, que é aparelhado pelo governo. Eles [os manifestantes do MTST] estão querendo desestabilizar o nosso movimento, estão querendo impedir o nosso movimento”, disse Alexandre Santos. Nesta quarta-feira (27), o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC) chamou, na tribuna, os manifestantes do MBL de “vagabundos”.

Ao chegar por volta das 15h30, os sem-teto começaram a montar suas barracas do lado esquerdo do gramado, voltados ao Senado. Pouco tempo depois, mobilizaram-se em direção à barracas do MBL. A alteração causou furor entre os integrantes dos movimentos, que, em roda, discutiam sobre as fronteiras de cada ocupação. Apesar da resistência de Alexandre Santos, o MTST acabou se instalando atrás das barracas do MBL. “Não pode misturar, se não vai dar confusão”, disse Alexandre.

Contrariando as ressalvas de Alexandre, a coordenadora do MTST, Ulianne Costa, disse que a presença dos manifestantes no gramado não está relacionada a apoio à presidente Dilma. Segundo ela, eles estão ali para pressionar os senadores durante votação do Projeto de Lei da Câmara 101/2015, que tipifica o crime de terrorismo. Previsto para ser entrar em votação nesta quarta-feira (28), o texto afeta diretamente as causas populares, pois, segundo ela, poderá enquadrar como criminosas as ações dos movimentos sociais.

“Não tem nada a ver com o impeachment da Dilma. Estamos aqui pela lei do terrorismo. A gente vai ficar aqui, acampado, até esse projeto ser votado”, disse ela.

Quanto à ocupação, Ulianne nega que a mudança de “setor” do acampamento tenha sido provação ao MBL. Segundo ela, a Polícia Legislativa recomendou a mudança, fato que foi confirmado pela reportagem com os policiais que estavam no local. De acordo com os policiais, os dois grupos não poderiam ocupar o local, mas, como já há ocupação, eles recomendaram que os manifestantes ficassem concentrados em um só local. A polícia legislativa não soube dizer se os grupos serão retirados do local.

Norma violada

Instalações no gramado em frente ao Congresso são proibidas desde 2001, quando os presidentes da Câmara, o então deputado Aécio Neves (PSDB-MG), e do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA), assinaram um ato conjunto vedando “edificação de construções móveis, colocação de tapumes, arquibancadas, palanques, tendas ou similares na área compreendida entre o gramado e o meio fio anterior da via de ligação das pistas Sul e Norte do Eixo Monumental”.

No entanto, Cunha autorizou a estada dos manifestantes do MBL. Para a liderança do MTST, o presidente da Câmara abriu precedente e terá que conceder a mesma autorização ao sem-tetos. “Com autorização, pode. Então, também queremos uma. Se eles podem, a gente também pode”, disse a coordenadora do movimento.

Com a chegada dos sem-tetos, a polícia militar do também se fez presente e cercou as redondezas do Congresso. Enquanto o acampamento era montado, os militantes soltavam fogos e cantavam “ocupar, resistir e morar aqui”.

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