domingo, 5 de janeiro de 2025
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FHC usou empresa para bancar jornalista na Europa

Um fantasma do passado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a assombrá-lo com a volta da jornalista Miriam Dutra – com quem o tucano teve relacionamento extraconjugal nos anos 1980…

Um fantasma do passado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a assombrá-lo com a volta da jornalista Miriam Dutra – com quem o tucano teve relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990 – ao noticiário. Despachada para a Europa depois que engravidou, Mirian agora reaparece e, em entrevista à Folha de S.Paulo, revela que a empresa Brasif S.A.Exportação e Importação ajudou FHC a enviar recursos ao exterior para custear gastos dela e do filho, Tomás Dutra, com quem o ex-presidente mantém relacionamento paternal.
Segundo Miriam, as transferências foram feitas por meio de contrato fictício de trabalho celebrado em dezembro de 2002 e com validade de quatro anos. A contratante que aparece nos registros da contratação é a empresa Eurotrade Ltd., cuja sede a Brasif mantém nas Ilhas Cayman.

De acordo com o contrato, a jornalista Mirian, ex-funcionária da Rede Globo de Televisão, ficaria responsável por executar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”, além de fazer prospecções “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops” em países europeus. Tais informações deveriam ser repassados à Brasif, que naquela época explorava free shops – lojas com isenção de impostos – em aeroportos brasileiros.

Segundo o jornal paulista, FHC admitiu ter bancado Mirian e Tomás em países da Europa e possuir contas bancárias no exterior, mas disse que não usou a estrutura da Brasif para sustentar os dois.

Serviço não prestado

Apesar das designações de função postas em contrato, Mirian afirma que “jamais pisou” em uma loja, duty free ou não, para trabalhar. Ela declarou ainda que a remuneração mensal acertada no contrato, de US$ 3 mil, serviu para complementar a renda familiar.

“Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$ 4 mil. Eu estava superendividada, vivia de cartão de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante”, declarou a jornalista, segundo a Folha, acrescentando que o acerto foi mediado pelo também jornalista e lobista Fernando Lemos, que foi casado com Margrit Dutra Schmidt, irmão de Mirian.

“Ele [Fernando Lemos] disse que tinha de arrumar um jeito de melhorar a minha vida financeira, já que eu tinha uma hipoteca [de apartamento comprado em Barcelona, Espanha] e a Globo tinha cortado meu salário”, acrescenta a jornalista, que recentemente revelou pressões de FHC para que ela dissesse à revista Veja que Tomás era filho de um biólogo.

Mirian afirmou também que o dinheiro enviado ao exterior era de FHC, e não da Brasif. “Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, revela Mirian.

O esquema de repasses ao exterior foi confirmado pelo empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, que nega conhecer detalhes do acordo, no entanto. “Tem alguma coisa mesmo, sim. Eu só não sei se era contrato. Vou fazer um levantamento na empresa para esclarecer tudo”, avisou Jonas, que disse estar em Aspen (EUA) e voltará ao Brasil na próxima semana.

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