Foi sepultado neste domingo (25), em Fernandópolis, o corpo do sem-terra morto na manhã do último sábado em Uberlândia-MG, Valdir Dias Ferreira. Além dele foram executados Milton Santos Nunes, Clestina Leonor Sales Nunes.
Uma criança que estava no carro presenciou a cena e foi levada aos pais que estavam no acampamento onde mora.
Durante o velório de Valdir Dias, em Uberlândia, o superintendente regional do Incra, Carlos Calazans, e o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, estiveram na cidade e disseram que vão pedir a proteção do menor envolvido no crime, que pode ter ligação com disputas de terra.
Segundo Calazans, se o triplo homicídio for confirmado como sendo por conta do conflito agrário é o primeiro registrado com tamanha gravidade na região. As vítimas eram ligadas ao Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e Milton e Clestina Nunes faziam parte da liderança do movimento na região do Triângulo Mineiro.
Há aproximadamente 4 meses, as três vítimas viviam em um acampamento a mais de 60 quilômetros de Uberlândia, na fazenda São José dos Cravos, no município de Prata. “Estou surpreendido, pois recentemente a Vara Agrária e o Incra visitaram aquela área e não fui procurado por ninguém falando sobre ameaça ou perseguição”, afirmou Carlos Calazans.
Segundo ele, a hipótese de execução é a mais forte, por isso uma força-tarefa será montada para a apuração do caso. O secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz, é esperado amanhã em Uberlândia para que o plano de investigação seja traçado.
Os corpos Milton Santos Nunes e Clestina Leonor Sales Nunes foram levados por familiares para o sepultamento em Cachoeira Dourada de Goiás, enquanto o de Valdir Dias Ferreira foi enterrado em Fernandópolis, São Paulo.
Vítimas foram executadas com tiros na cabeça
Os três sem-terra foram mortos enquanto vinham para Uberlândia, no final da manhã de sábado (24), depois que um homem em um carro prata conseguiu com que o motorista, Valdir Dias Ferreira, 40 anos, parasse ao lado de uma ponte sobre o rio Estiva, na MGC-455, próximo ao Distrito de Miraporanga.
O autor executou o condutor e o casal Milton Santos Nunes e Clestina Leonor Sales Nunes, 52 e 48 anos, com tiros na cabeça. Um menino de 5 anos, neto do casal e sobrinho de Valdir Ferreira, foi poupado pelo assassino.
Os tiros foram à queima-roupa, Milton Nunes foi o único que teve chance de fugir, mas foi baleado a poucos metros do carro. A hipótese de que seja uma execução é reforçada pelo fato de mais de R$ 1,6 mil das vítimas terem sido deixados no local.
A criança foi levada pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros para o assentamento da fazenda São José dos Cravos, em Prata, lugar onde há cerca de 80 famílias e que foi invadido há aproximadamente 4 meses. “Milton e Clestina falavam em nome dos assentados em Belo Horizonte e Brasília. É preciso investigar isso, pois parece ser encomendado, não pode ficar impune”, disse um dos líderes do MLST no Triângulo Mineiro, José Francisco Moreira.