Os brasileiros estão gastando mais para manter no cardápio um dos ingredientes mais populares da nossa culinária.
O preço do feijão mais consumido no país, o carioca, subiu quase 45% este ano.
É comida de todo dia, mas com esse preço nem parece. No supermercado, um quilo de feijão carioca chega a custar quase R$ 10.
“Não é preço de comida básica”, diz um consumidor. “Eu acho um absurdo. Se for levar na proporcionalidade do salário mínimo, o pobre não come feijão. Fica inviável”, comenta outro.
O feijão mais consumido pelos brasileiros subiu mais de 10% em apenas 30 dias, de acordo com a última pesquisa de preços do IBGE. No ano, até a primeira quinzena de maio, a alta acumulada é de quase 45%.
“Bota água no feijão e come água com gosto de feijão, é o jeito”, brinca uma consumidora.
Mesmo em lugares em que o feijão normalmente sai mais em conta, porque não passa pela indústria – é vendido a granel – o preço também está alto. Em um destes locais, o feijão carioca, que no início do ano custava R$ 5 o quilo, agora, está R$ 7. E para vender o comerciante tem até que abrir mão de uma parte do lucro.
“Tem que segurar um pouco a margem de lucro para poder gerar a mercadoria até que acabe essa escassez”, avalia o comerciante Jim Marcos Hayakawa.
É que a produção diminuiu no país. E não foi só culpa do clima e das pragas.
“Em vários estados onde se planta soja e milho houve substituição de parte da área de feijão, porque o feijão é considerado para os produtores uma cultura que tem um certo risco associado a ela. O risco do que? De que o preço pode não ser aquele que se espera quando se planta. No caso de soja e milho há uma estabilidade maior de preços no longo prazo”, explica Alcido Wander, economista do Embrapa.
A previsão é de que o preço do feijão só volte a cair a partir de agosto, com a colheita da nova safra. Até lá, o prato típico do brasileiro deve ganhar novas versões.