A Polícia Civil investiga se as mortes dos quatro suspeitos de terem assassinado o menino boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, foram ordenadas por membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Chefes da facção detidos em Presidente Venceslau emitiram um “salve” (ordem) em uma carta para que os assassinos do garoto fossem executados.
A razão é que o grupo, responsável por boa parte dos crimes violentos de São Paulo, alega não compactuar com morte de crianças.
O menino foi assassinado com um tiro na cabeça porque chorava no colo da mãe durante um roubo do qual sua família foi vítima. O crime aconteceu em uma favela de São Mateus, na zona leste, no dia 28 de junho.
Dois dias depois do assassinato, essa carta do PCC passou a circular no sistema penitenciário paulista. Conforme agentes, cópias delas foram encontradas em presídios de Presidente Venceslau, São Paulo e Santo André.
Foi no Centro de Detenção Provisória de Santo André que 2 dos 5 suspeitos do assassinato de Brayan foram mortos em 30 de agosto.
Paulo Ricardo Martins, 19, e Felipe dos Santos Lima, 18, morreram após ingerirem o “coquetel da morte”, também conhecido no sistema prisional como “gatorade” -mistura de creolina, cocaína, água e Viagra (remédio para impotência sexual).
No dia da morte desses presos, detentos disseram a agentes que era desnecessário procurar os outros dois foragidos, pois já estariam mortos.
Os corpos dos suspeitos Wesley Soares Pedroso, 19, e Diego Rocha Freitas Campos, 20, foram achados com marcas de tiros nas cabeças no dia 7 de julho em um matagal no Jaçanã.
Quando a polícia os encontrou, não conseguiu identificá-los. A identificação só aconteceu nesta semana.
Após a morte dos dois detentos, 37 presos de Santo André investigados por esses homicídios foram transferidos para Presidente Venceslau.
Ontem, o delegado Itagiba Franco, do departamento de homicídios, disse que é cedo para afirmar com certeza que o PCC mandou matar os assassinos de Brayan.
“Ainda não temos detalhes, mas nenhuma hipótese será descartada.”, afirmou.
O quinto suspeito pelo assassinato, um jovem de 17 anos, está detido em uma unidade da Fundação Casa.
Fundado no ano de 1993, o PCC é atualmente o maior grupo criminoso de São Paulo. Ele foi responsável pela série de ataques em maio de 2006 que deixou 261 mortos, assim como por parte dos assassinatos de 106 policiais militares no ano passado.