quarta, 6 de novembro de 2024
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Engenheiro é preso com 79 armas em casa em área nobre

Parecia uma terça-feira qualquer no Jardim Europa, um dos bairros mais caros de São Paulo, quando três homens partiram em disparada de um amplo sobrado da rua Alemanha, onde uma…

Parecia uma terça-feira qualquer no Jardim Europa, um dos bairros mais caros de São Paulo, quando três homens partiram em disparada de um amplo sobrado da rua Alemanha, onde uma mansão chega a custar R$ 19 milhões.

Assim que pularam o muro nos fundos do terreno, deixaram para trás uma casa com pé direito alto, piscina e jardim. Atrás deles também ficaram 79 armas, incluindo espingardas e rifles, munição e três carros roubados. A cena acima é descrita por policiais militares que checaram a veracidade de um denúncia anônima no local.

Dois dos suspeitos conseguiram fugir. O terceiro, porém, acabou sendo preso.

Dentro da casa, além do arsenal e de uma espécie de oficina com carros roubados, estava José Rubens de Cordeiro Leite, um senhor de 69 anos.

Engenheiro civil formado pela Poli-USP, Leite assumiu ser o dono do arsenal –cuja notícia se espalhou rapidamente pela vizinhança.

“Ninguém imaginava que tinha isso lá dentro. O bairro é calmo, mas ficamos sabendo que alguns bandidos fugiram pelo telhado, então virou o assunto aqui”, disse Camila Cristini, 22, publicitária. A agência onde ela trabalha faz fundos com a casa.

Rodrigo Dozzi Calza, advogado de Leite, diz que os carros nada têm a ver com o engenheiro. Um Corolla, um Picasso e um Livina roubados encontrados pela polícia, afirma Calza, eram de responsabilidade de Guilherme Cordeiro Leite, 34, filho do engenheiro.

No quarto do rapaz foram encontradas porções de maconha e cocaína. Segundo a polícia, ele era um fugitivo.
Na “oficina” também foram encontradas diversas ferramentas usadas para adulterar a identificação de veículos, além de peças.

O engenheiro foi levado à delegacia e acabou autuado por posse ilegal de armas e é investigado por receptação.

“Ele diz ser colecionador, mas os documentos estão vencidos há dez anos”, diz o delegado do Valter Sérgio de Abreu, do 15º DP (Itaim Bibi).

Segundo a defesa, o engenheiro é aposentado e tem problemas de saúde que dificultam sua mobilidade, por isso guardava as armas em um cofre e não renovou as licenças.

“Ele apresentou as armas espontaneamente, junto com as notas fiscais e registros. Ele até declara no Imposto de Renda”, afirma o advogado.

O engenheiro passou uma noite na delegacia e outra na carceragem do 31º DP (Carrão), de onde saiu ontem à tarde. A Justiça concedeu sua liberdade após o pagamento de uma fiança de R$ 4.068.

O delegado diz que vai investigar se as armas foram usadas para roubar os carros.

Eurivandes Pereira, autuado por receptação qualificada, também vai responder ao processo em liberdade.

A polícia ainda procura Guilherme para esclarecer o caso. Ele chegou a ser preso em 2002, após a polícia encontrar um carro roubado na oficina que tinha junto com o irmão mais velho. Na Justiça, eles foram absolvidos no ano passado por falta de provas.

João Maradei, diretor executivo da Ame Jardins (associação dos moradores), diz que o caso “é de assustar”.

“As armas por si só já causam espanto, mas o fato do crime estar acontecendo lá dentro é muito grave.”

Ele diz acreditar que a denúncia tenha partido de vizinhos, já que a entidade incentiva os moradores e prestarem atenção em atitudes suspeitas. Desse modo, conta, foi descoberta uma rede ilegal de bingos na rua Atlântica

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