Tomando lugar no salão do júri, o advogado Edlberto Pinato, começou há poucos minutos seu depoimento ao magistrado Vinicius Castrequini, acerca dos eventos que resultaram na morte de José Carlos Lemos.
Segundo a versão de Pinato, tudo começou com um telefonema anônimo recebido em seu escritório, onde uma voz masculina anunciara uma suposta traição de sua esposa Toninha e seu amigo José Carlos. Aborrecido com tal ligação Pinato ainda encontrou um envelope, no pára-brisas de seu carro reforçando as alegações do telefonema.
À partir desse momento, Pinato explicou e descreveu ao Tribunal, as situações conflitantes e o constante questionamento quanto a postura e integridade de sua esposa durante as reuniões em que as respectivas famílias se encontravam. Instigado pela possibilidade da traição ser real, Pinato questionou a até então esposa sobre a traição. Mesmo negando o envolvimento com José Carlos ao marido, Toninha insistia em pedir perdão a Pinato.
Dias após, alertado por amigos e conhecidos, Pinato e José Carlos encontraram-se em um restaurante, onde segundo uma conversa acalorada foi mediada por um dos amigos em comum de ambos, o empresário Eudoripedes Aguiar, uma das testemunhas de defesa de Pinato e sócio de Lemos em uma imobiliária da cidade. Alertado por amigos de que José Carlos, inconformado com tais acusações, estaria anunciando que atentaria contra a vida do advogado.
Desesperado, Pinato teria grampeado os telefones da casa, onde flagrou conversas entre a vitima e sua esposa. No ato, uma discussão iniciou-se terminando com a confissão de Toninha de que realmente havia tido um caso com Lemos – Pinato cita uma caneta MontBlanc, apresentada a ele pela própria esposa, que havia sido presenteada por Lemos, durante os encontros extra-conjugais -. Após a confissão da esposa, Pinato conta que decidiu encerrar toda e qualquer atividade que mantinha com Lemos, inclusive o cancelamento e a cobrança de honorários pelos serviços jurídicos prestados à empresa em que Lemos possuía cotas.
Mesmo tendo sido alertado, Pinato armou-se com um revolver calibre 38 e foi até as dependências da Sabesp. Ao adentrar em uma sala de reuniões e chamar por Lemos, o mesmo teria se virado e apontado uma arma para Pinato, cuja reação foi de sacar sua arma e iniciar a troca de tiros que resultou na morte de Lemos. Após o fato, Pinatto rumou para São Paulo na casa de um dos filhos apresentando-se a Justiça logo em seguida.