Há um ano, profissionais da saúde na Bahia reportaram casos de pacientes com manchas avermelhadas pelo corpo. Em um primeiro momento, a suspeita era de um novo tipo de dengue. Mais tarde, o diagnóstico foi confirmado foi outro: contaminação por um vírus sobre o qual pouco se sabia, o zika.
Passado um ano dessas primeiras notificações, a doença passou a ser identificada em cada vez mais municípios e, meses depois, foi descoberta a relação entre o vírus e um aumento nos casos de microcefalia entre bebês.
Nesta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou considera o avanço da microcefalia ligada ao zika vírus nas Américas uma emergência internacional.
Veja como foi a evolução do zika e da microcefalia em 13 momentos cruciais:
Desde fevereiro de 2015, profissionais de saúde da Bahia notificaram casos de uma doença que provocava manchas avermelhandas na pele. A primeira suspeita era a de que a doença fosse um novo tipo de dengue. Em maio, o governo estadual confirmou um surto da doença causada pelo zika vírus.
Após identificar um aumento do número de casos de má-formação entre bebês, a neuropediatra pernambucana Vanessa van der Linden Mota alertou outros colegas e, em setembro, levou o caso ao secretário de saúde do Estado. Foi então criada uma equipe para entender o que estava acontecendo.
O primeiro caso que despertou a atenção da dra. Vanessa foi o de dois gêmeos, em que um dos bebês nasceu normal e o outro, com microcefalia. Ele é o considerado o “paciente zero” da epidemia.
Após identificar mais de 140 casos de microcefalia em 44 municípios, o Ministério da Saúde de decretou emergência em saúde pública. Casos suspeitos em outros estados do Nordeste são investigados.
Neste dia, o diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse: “Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado.”
No dia seguinte, o ministério divulgou uma nota dizendo que não havia recomendação para se evitar a gravidez, afirmando que as gestantes deveriam discutir cada caso com seus médicos.
A Fiocruz divulgou o resultado de exames que atestaram a presença do zika vírus no líquido amniótico de gestantes cujos bebês tinham microcefalia. Em seguida, o Ministério da Saúde informou que a epidemia de contaminação por zika vírus registrada no primeiro semestre era a “principal hipótese” para explicar o aumento dos casos de microcefalia na região Nordeste.
O ministério confirma que o surto já era tratado como epidemia.
O diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch diz que a microcefalia pode se espalhar pelo país. A presidente Dilma então anuncia criação de força-tarefa, um gabinete interministerial com especialistas em saúde pública, para decidir sobre medidas para evitar que surto se espalhe.
O governo da Polinésia – território ultramarino da França – anunciou que estava investigando uma possível relação entre o zika vírus e casos de má-formação em bebês. A população local sofreu com uma epidemia de zika entre 2013 e 2014.
O Ministério da Saúde confirmou a relação entre o surto de microcefalia no Nordeste e o zika vírus, após resultados de exames feitos pelo Insituto Evandro Chagas, em Belém (PA), de um bebê nascido no Ceará. Foi identificada a presença do zika no sangue e em tecidos do bebê.
Um paciente do Texas é o primeiro caso registrado de vírus zika nos Estados Unidos. Ele teria contraído a doença após uma viagem para a América Latina. Dias antes, Em 31 de dezembro, um primeiro caso da doença foi registrado em Porto Rico. Autoridades da ilha – que integra o território americano – afirmaram que o paciente não viajou recentemente, o que descartaria a possibilidade de que tenha contraído a doença no exterior.
Por causa do zika, a Colômbia pediu que casais adiassem planos de ter um filho. “Considerando a atual fase em que se encontra a epidemia do zika vírus e o risco que ela traz, recomenda-se que os casais que vivem em território nacional evitem gestações durante essa fase, que pode se estender até o mês de julho de 2016.”
O problema da rápida disseminação do zika vírus roubou a cena na quarta Cúpula da Comunidade Latino-Americana e do Caribe (Celac), que reuniu representantes de 33 países da região em Quito, no Equador.
Na mesma data, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, classificou como “alarmante” a velocidade com que o vírus está se espalhando no mundo, anunciando a previsão de que o vírus poderia afetar até 4 milhões de pessoas somente neste ano, com até 1,5 milhão de vítimas no Brasil.
Em um esforço para combater o mosquito Aedes aegypti, o governo brasileiro decidiu autorizar a entrada forçada de agentes em imóveis abandonados ou sem ninguém para permitir o acesso deles quando houver risco de existência de criadouros no local.
A medida provisória que autoriza a ação foi assinada pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira, dia 29/1, e publicada nesta segunda no Diário Oficial da União. Se ninguém for localizado para permitir a entrada dos agentes na casa, eles só poderão entrar à força após terem feito duas visitas, com notificação prévia, em um intervalo de dez dias.
Após discutir aspectos relacionados ao risco da proliferação da microcefalia ligada ao zika vírus nas Américas, a OMS decretou situação de “emergência de saúde pública de interesse internacional” para os casos de má-formação e de disfunções neurológicas. Com isso, a organização espera facilitar a mobilização de dinheiro, recursos e conhecimento científico para o combate à doença.