O candidato do DEM ao governo do Estado do Rio, Eduardo Paes, disse nesta quarta-feira, 17, em debate com o candidato Wilson Witzel (PSC), que ele é um “genérico” dos juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas, da Lava Jato, e o acusou de explorar vinculação com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) para angariar votos. Witzel respondeu reafirmando seu alinhamento a Bolsonaro e disse que tem como proposta criar mais clubes de tiro no Rio.
“Em quem você vota para presidente? Eu voto em Jair Bolsonaro”, provocou o candidato do PSC. “Não importa se Jair Bolsonaro está neutro (na eleição estadual) ou não. Estamos alinhados. Vamos trabalhar para ter mais clubes de tiros para apoiar a revisão do Estatuto do Desarmamento, e vamos ter mais escolas militares”, afirmou Witzel, depois de instar Paes a declarar seu voto para presidente. Paes repetiu que entre Bolsonaro e o petista Fernando Haddad, se coloca neutro. Mais adiante, em outra pergunta, afirmou estar mais próximo do candidato do PSL em termos de programas de governo, no tocante à segurança e à economia.
“O Bolsonaro todo mundo conhece. Você ninguém conhece. Um candidato a governador do Estado do Rio que tem sua grande proposta para se equiparar ao Bolsonaro é ter clube de tiro… Isso não é a proposta principal do Bolsonaro. Essa escada que você usa, esse guarda-chuva do Bolsonaro, é muito perigosa. Você é um genérico do Bretas e do Moro. Fica o tempo todo se protegendo. Não é o Bolsonaro que vai segurar a caneta no Rio no dia 1º de janeiro de 2019. Eu me dou muito bem com ele. E outro dia o Bolsonaro não sabia nem quem era você”, criticou o ex-prefeito da capital.
No debate, organizado pelos jornais O Globo e Extra e pela Federação de Comércio do Rio, Witzel explorou as relações do passado entre Paes e o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ambos presos pela Lava Jato. “Não tenho presidiário de estimação; você tem dois, o Cabral e o Lula. Eu não tenho relação com crime organizado. Eu tenho milhares de sentenças criminais condenando gente pelo crime organizado. É só olhar meu histórico. Você amarelou quando teve oportunidade de armar a Guarda Municipal”, atacou Witzel. Falando de segurança, ele disse que sempre achou que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), hoje em declínio, não seriam um projeto bem-sucedido.
O candidato do DEM, por sua vez, relembrou a vinculação de Witzel com o advogado Luiz Carlos Azenha, que defendeu o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, e o escondeu na mala do carro em 2011, ajudando-o a fugir da polícia, e também do empresário Mário Peixoto, ligado ao deputado Jorge Picciani (MDB), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio acusado de corrupção.
Ele também trouxe ao debate questões relacionadas a Witzel que considera “imorais”, “maracutaias”, como a falta de pagamento de IPTU de sua residência, o recebimento de auxílio-moradia tendo imóvel e a não-declaração de duas empresas de sua propriedade.
“Eu não tenho folha de antecedentes, tenho currículo. Tenho vida limpa. Meus problemas estão todos sendo resolvidos. Não se preocupe. Os seus podem dar prisão, cadeia. São inquéritos policiais por corrupção. Você está disputando eleição sob liminar. Eu sou o candidato novo, você é o candidato de novo”, afirmou Witzel.
Paes foi questionado por uma jornalista sobre os sinais exteriores de riqueza de Cabral durante seu governo. Ele respondeu que a relação entre eles era institucional, que “não acompanhava esses gastos” e que não era seu papel como prefeito atentar para isso. Ele se colocou favorável à devolução aos cofres públicos dos valores que tenham sido desviados pelo ex-governador.
Paes também disse que o atual prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), seu sucessor no município, cuja gestão tem alta impopularidade, apoia Witzel, e que a “mistura de inexperiência com insensibilidade” de Crivella iria se repetir no Estado num eventual governo Witzel.