quinta-feira, 24 de outubro de 2024
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Votuporanguense presencia crimes nos EUA

O votuporanguense que cursa doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade Virginia Tech, em Blacksburg, na região leste dos Estados Unidos, Adriano dos Santos Cardoso, estava presente no campus quando aconteceram…

O votuporanguense que cursa doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade Virginia Tech, em Blacksburg, na região leste dos Estados Unidos, Adriano dos Santos Cardoso, estava presente no campus quando aconteceram os ataques que mataram 33 estudantes da instituição. Em entrevista ao Diário, seus pais, Agnalda de Oliveira Cardoso e Manuel dos Santos Cardoso, e a tia, Lourdes de Oliveira Cardoso, que também é mãe de uma adolescente residente na cidade americana, contaram que somente quatro horas depois dos primeiros tiros ocorridos na manhã da última segunda-feira a sala de Adriano foi dispensada pelo professor.

A família, que tem uma loja especializada em tecidos em Votuporanga, soube dos crimes pelo próprio estudante, pela internet. “Ontem (anteontem) à noite estávamos on-line quando vimos a frase dele “Estamos vivos, estamos bem!”, ficamos preocupados e fomos perguntar à ele o que havia acontecido, foi onde ele mesmo nos contou”, declara a mãe, Agnalda de Oliveira Cardoso.

O pai, Manuel dos Santos Cardoso, conta que a distância é o mais difícil em situações como esta. “Perguntei para ele se queria voltar, ele disse que não porque estava acabando os estudos. Mas é difícil porque não podemos fazer nada daqui, ficamos aflitos”, declara o pai.

Coincidência ou não, há uma semana Adriano utilizava a seguinte mensagem em um programa de bate-papo na internet: “Mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas tu não serás atingido”. A tia de Adriano diz acreditar que foi Deus que protegeu seu sobrinho, já que ele é muito religioso. “Parecia que alguma coisa dizia a ele que isso iria acontecer”, conta.

No site da universidade, em luto pelos acontecimentos, ficam expressos os sentimentos de pesares aos familiares das vítimas. Na página inicial foi postada uma frase do presidente da instituição, Charles W. Steger. “Eu quero estender meus profundos e mais sinceros sentimentos aos familiares das vítimas”.

Um trecho de uma carta escrita, também postada no site, demonstra a indignação da diretoria da universidade quanto aos estudantes mortos cruelmente na manhã de segunda-feira. “Esta é a cena mais trágica na história de toda a universidade. Este é um crime chocante com cenas que atraíram a imprensa nacional e internacional. Todos nós da universidade demonstramos nossa compaixão em especial aos nossos estudantes que vivenciaram essa tragédia”.

Nas páginas de um site de relacionamentos da internet já é possível notar a repercussão dos crimes. Uma comunidade foi aberta em homenagem às vítimas e depoimentos de estudantes sobreviventes estão sendo deixados, entre os assuntos comentados está a questão da segurança do campus. A maioria acredita que não foi falha da instituição, já que a equipe de segurança não poderia causar pânico nos estudantes, funcionários e professores, porém alguns questionam a segurança pelo fato dos atentados terem acontecido em dois momentos num intervalo de duas horas e nada tenha sido feito para conter o assassino suicida.

Atentado
O corpo do assassino suicida, Cho Seung-Hui, 23, sul-coreano e estudante residente na universidade, foi encontrado na sala de aula, local do segundo momento do ataque. A polícia afirmou, ontem, que uma das duas armas recuperadas foi usada por ele nos dois tiroteios, o primeiro no dormitório, onde duas pessoas foram mortas e o outro na sala de aula, onde o autor dos disparos matou aleatoriamente os alunos presentes.

A polícia foi avisada sobre o primeiro ataque e acreditou ser um crime isolado, por isso não alarmou. A universidade, para não apavorar os estudantes, não tomou nenhuma providência, duas horas depois, por volta das 9h15, aconteceu o segundo ataque. Segundo a mãe de Adriano, eles foram dispensados da aula somente às 11h, e, sem transporte escolar, foram levados para casa com a ajuda de professores. “Meu filho só foi ter notícias sobre o que realmente tinha acontecido pela televisão”. Os que moram no alojamento foram aconselhados a irem para os quartos e não saírem até uma segunda ordem.

A Universidade Virginia Tech suspendeu as aulas durante esta semana, mas volta as suas atividades administrativas a partir de hoje. Na tarde de ontem o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush e sua esposa participaram de uma cerimônia em homenagem às vítimas. Adriano e sua prima, Mônica Angélica Cardoso Silva, 16, participaram da cerimônia de pêsames deste crime que abalou novamente a credibilidade da segurança americana.

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