A Prefeitura de Votuporanga enviou uma equipe formada por assistentes sociais e psicólogos para compor a força-tarefa de auxílio a 350 famílias catarinenses atingidas pelos estragos provocados pela forte chuva do final de 2008. Os profissionais que são da Secretaria de Assistência Social ficaram durante um mês na cidade, entre 18 de dezembro e 13 de janeiro, atuando no Morro do Baú, localizado entre as cidades de Ilhota, Gaspar, Luiz Alves, Blumenau, Brusque e Gaspar, do Vale do Itajaí.
O pedido de envio de assistentes sociais e psicólogos foi feito pelo Conselho Regional de Serviço Social do Estado de Santa Catarina (CRESS/SC) para garantir atendimento emergencial às vítimas das enchentes e deslizamentos que se encontravam em abrigos e áreas de alto risco. A Prefeitura de Votuporanga com apoio da Cáritas Diocesana de Rio Preto e da Paróquia Santa Luzia enviou a equipe composta pelos assistentes sociais, Adriano Borges Domingos da Silva, Márcia Cristina Passos, Wanda Arroyo, a educadora social Neide Engler e a psicóloga Rose Ferreira.
Durante trinta dias, eles percorreram abrigos e visitaram as localidades atingidas pelas enchentes e deslizamentos para verificação in loco da situação relatada pelos atingidos e desabrigados. A voluntária Márcia Passos explica que o maior desafio das autoridades catarinenses era se organizar para fazer um levantamento da real situação da população e cadastrar as famílias na Defesa Civil a fim de receberem ajuda financeira. “Nossa colaboração foi, principalmente, no sentido de chegar nos mais diversos lugares e conversar com estas pessoas. Com base nisso, fizemos relatórios e fomos um canal de comunicação entre o Governo e os atingidos”, destaca. As visitas eram feitas com apoio de moradores, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Entre as principais ações desenvolvidas pelos profissionais de Votuporanga esteve a criação da Associação dos Desabrigados e Atingidos pelas Enchentes que ficou responsável por representar os moradores junto as autoridades e centralizar as informações sobre os acontecimentos. A equipe auxiliou até na criação de um estatuto para a Associação com apoio do oficial de Justiça do Tribunal de Justiça de Votuporanga e ex- Conselheiro Municipal de Assistência Social, Denílson Bertolaia.
“Além de criar a Associação e cadastrar as famílias da Defesa Civil, nosso trabalho foi também de confortar aquelas pessoas, dando atenção, conversando, passando nos abrigos, aconselhando. Só quem esteve lá consegue entender a grandiosidade daquela tragédia”, conta Adriano Borges. Ele lembra da situação de famílias dividindo pequenos espaços, pedindo por privacidade, buscando conforto para crianças, gestantes e idosos. “Foram cenas muito tristes, mesmo assim ficávamos felizes com a solidariedade do brasileiro. Foi uma das coisas boas que pudemos observar nessa tragédia; a união das pessoas para ajudar o próximo. Doações de todo o país chegavam até nós, lotando pontos de distribuição de alimentos”, lembra Rose Ferreira que, ao lado da equipe de Votuporanga, ajudou também na separação e distribuição dos mantimentos.
Na opinião dos voluntários, o descaso com o meio ambiente foi um dos principais fatores que ocasionaram no cenário de destruição e mortes. “Vimos muita ocupação desordenada, sem cuidado com áreas de preservação, exploração da mata nativa. Além disso, depois das fortes chuvas, o meio ambiente foi ainda mais prejudicado com desmoronamentos, mudanças de cursos dos rios, entre outros”, conta a educadora social, Neide Engler.
A preocupação dos voluntários com a volta à Votuporanga é a de continuar acompanhando a recuperação das áreas e alojamento das famílias. Nesse sentido, a convite da equipe, o padre Ivanildo da Paróquia de Urupês/SP, Diocese de Catanduva, passará um tempo no Itajaí dando continuidade aos projetos dos voluntários. “Ele tem experiência nisso e irá aproveitar suas férias para desempenhar esse trabalho. Sabemos que a rede de solidariedade não pode parar neste momento de socorro inicial, mas continuar no sentido de mobilizar esforços e recursos para fortalecer a Associação para a garantia dos direitos habitacionais, sociais e econômicos”, diz a assistente social, Wanda Arroyo.
A equipe conta que junto com o Secretário de Assistência Social Egmar Alfagali e a Presidente do Fundo Social, Juliana Marão, continua acompanhando a situação e planeja regressar àquele Estado.