domingo, 27 de outubro de 2024
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Vítimas passam por momentos de terror

Ao atender uma ligação a cobrar, por volta da 7h30 de ontem, uma moradora de Araçatuba não imaginava o que estaria por acontecer no resto da manhã. Após ser informada…

Ao atender uma ligação a cobrar, por volta da 7h30 de ontem, uma moradora de Araçatuba não imaginava o que estaria por acontecer no resto da manhã.

Após ser informada que a filha adolescente teria sido sequestrada e que estaria apanhando e sendo torturada, a comerciante, de 53 anos, entrou em estado de choque e passou a fazer quase tudo que o criminoso pedia.

Após quase três horas de desespero e insegurança, e com a ajuda de amigos, ela constatou que tudo não passada de uma tentativa de golpe do falso sequestro.

Nos últimos dias, esse tipo de crime voltou a atormentar a população de Araçatuba e região. Só na última quarta-feira, 11, foi apurado três casos, que não deram certo para os bandidos porque as vítimas conseguiram encontrar os filhos que supostamente estariam sequestrados antes de efetuar os depósitos de dinheiro solicitados.

No ano passado, a polícia registrou centenas de casos na região. Não existe estatística sobre este tipo de ocorrência, mas estima-se que somente no segundo semestre de 2008 a polícia tenha registrado em torno de 300 casos de falso sequestro na região. No Estado de São Paulo, foram cerca de quatro mil no ano.

MEDO

A comerciante de Araçatuba que foi vítima na última quarta chegou a solicitar dinheiro no banco para efetuar o depósito bancário. Ela só se convenceu de que não havia nenhum sequestro depois de ver a filha, já na agência bancária. Mas, até este momento, para ela tudo era verdadeiro. A vítima chegou a telefonar para o marido no Japão, dizendo que a filha do casal estava em poder de bandidos. Do outro lado do mundo, o pai da moça também entrou em desespero e chegou a passar mal, conforme apurou a polícia.

Inicialmente, os bandidos pediram R$ 10 mil para libertar a suposta vítima. Desesperada, a mulher disse que não tinha condições de arrumar todo o dinheiro na manhã de ontem. Os criminosos deixaram então por R$ 5 mil. A mulher foi aconselhada a não desligar o telefone celular e a ir até a agência bancária para fazer o depósito em uma conta que seria passada no momento em que a vítima estivesse com o dinheiro. Para apavorar mais a mulher, os bandidos disseram que ela estava sendo observada e que outros bandidos a seguiriam até o banco, o que não era verdade.

BILHETE

Na agência, no centro de Araçatuba, ela procurou o gerente e no meio da conversa para a retirada do dinheiro, discretamente, a mulher escreveu um bilhete dizendo que a filha estaria sequestrada. Ela ainda estava com o celular na mão em contato com o criminoso. O gerente desconfiou do golpe e tentou alertá-la de que tudo era falso. Ela não acreditou e insistiu na retirada da quantia. A polícia foi avisada e passou a acompanhar o caso. Funcionários do banco conseguiram entrar em contato com a filha da vítima e a moça teve de ser levada até a mãe para o que tudo fosse resolvido. De acordo com a polícia, ela só voltou a si depois que viu a filha. “Ela parecia estar em transe”, contou um policial que participou da ocorrência.

“Este é um exemplo de trauma psicológico que os criminosos causam nas pessoas”, observa o delegado Marcelo Curi, titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Araçatuba, unidade que já registrou dezenas de golpes como este nos últimos meses. O delegado acredita que o número de crimes desse tipo ocorrido na região seja bem maior do que o estimado. “Muita gente deixa de registra a ocorrência, o que não é aconselhável.”

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