domingo, 24 de novembro de 2024
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Vítima guarda por 10 anos ameaças do galã do Tinder

Uma mulher de São Paulo guarda há 10 anos alguns prints de ameaças feitas a ela pelo homem que ficou conhecido como o “galã do Tinder”. Renan Augusto Gomes foi…

Uma mulher de São Paulo guarda há 10 anos alguns prints de ameaças feitas a ela pelo homem que ficou conhecido como o “galã do Tinder”. Renan Augusto Gomes foi preso na quarta-feira (22), na região de Pirituba, Zona Norte da capital paulista, suspeito de aplicar golpes em ao menos cinco mulheres com quem se relacionava após conhecê-las em aplicativos de relacionamento.

A prisão ocorreu durante uma operação conjunta entre a Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de São Bernardo do Campo e Ministério Público.

Renan Augusto Gomes foi encontrado pelas equipes na Avenida Raimundo Pereira Magalhães, Pirituba, em um carro. Na tentativa de fuga, ele chegou a bater em três veículos. O g1 tentou contato com a defesa de Renan, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.

O golpista é investigado pelo Ministério Público desde o ano passado. Em dezembro, a prisão foi decretada, mas Renan estava foragido até esta semana. Para achar o golpista, a polícia usou contra ele a mesma ferramenta que ele usava para escolher vítimas: um perfil também fictício, que levou à descoberta do local em que ele morava temporariamente. A informação foi revelada ao Fantástico.

Dossiê guardado
Uma mulher de São Paulo o conheceu pela internet em 2011. Os dois moravam em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Segundo ela, os dois conversaram e saíram algumas vezes no interior.

Renan se apresentava como engenheiro e a levava para jantar em lugares caros. Não deixava que a vítima pagasse a conta, segundo ela. O relacionamento de poucos meses ficou sério quando se reencontraram na capital.

“Um dia me disse que tinha perdido a carteira dele com todos os documentos e o banco dele era de Rio Preto, e que só conseguiria resolver isso e ter acesso ao dinheiro dele indo para Rio Preto. Me pediu para emprestar um dinheiro para viajar e dizia que pagaria R$ 300 depois”, disse a vítima ao g1, que não será identificada.

Os dois continuaram a manter contato até a segunda tentativa de tirar dinheiro dela. O pretexto foi a venda de um celular muito abaixo do mercado, no valor de R$ 800.

“Falou assim: “Então, você tem que me entregar em dinheiro. Em um dia eu volto”. Depois que se passou uma semana eu vi que não é, não tinha, não tinha feito o depósito na minha conta nem tinha celular. Procurei, eu, cacei ele na internet, eu achei o contato da família dele. Eu liguei pro irmão dele e perguntei sobre ser engenheiro. Ele me falou: “Só se for engenheiro de casinha de cachorro.”

“Peito de aço”
Segundo a vítima, o suspeito andava armado e alegava que tinha que andar com o revólver porque seria o responsável pelo pagamento de funcionários de uma obra. Com a desconfiança da investigação, Renan passou a ameaçá-la de morte.

“Naquela época dizendo: “Vamos ver se você tem peito de aço, que eu vou aí te pegar”. Quando ele ficou sabendo que eu continuava a vasculhando e falando para as pessoas que ele conhecia, que ele era um golpista e tal falou: “seu filho vai para a escola hoje, né?”. E disse que alguém ia pegar meu filho”, comenta.

Ela não tinha smartphone, mas usou uma máquina digital para tirar fotos da tela do aparelho e provar os textos que recebia. O material foi guardado até hoje e encaminhado à polícia.

“Guardei uma pasta com todas as informações porque pensei que um dia ia cair.”

Como eram os golpes
Segundo a polícia, as investigações apontaram que Renan tinha diversos perfis em redes de relacionamento, entre eles o Tinder, Inner, Happn, Lovoo, e se identificava como Augusto Keller.

Para as mulheres, todas de classe média alta, ele dizia que era filho de alemães e que seus pais tinham morrido em acidente de carro em Araçatuba (SP). Ele assumia namoro e chegava até a conhecer os familiares.

Porém, com o tempo, passava a pedir dinheiro emprestado alegando problemas com a receita ou com os bancos, e depois desaparecia deixando as vítimas com dívidas.

O prejuízo de outra vítima foi ainda maior: R$ 100 mil, em dinheiro vivo. Ele também a convenceu propondo a sociedade na suposta loja que iria abrir e prometendo ganhos altos.

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