Uma das vítimas do fernandopolense Renan Augusto Gomes, 35, preso na quinta-feira (22) por suspeita de cometer estelionato sentimental, deu R$ 100 mil em dinheiro vivo a ele enquanto era enganada. De acordo com a polícia, Gomes usou nomes falsos para roubar pelo menos sete mulheres com quem se relacionou em São Paulo,
Em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, na noite de domingo (25), uma das vítimas disse que encontrou o homem em um aplicativo de relacionamentos e marcou o primeiro encontro com ele em um shopping.
Em pouco tempo, os dois começaram a se relacionar. “Ele é um homem muito carinhoso, cuidadoso, que te faz parecer uma rainha. Ele trata a mulher como uma rainha”, contou a mulher, que não foi identificada.
Segundo ela, o golpista falou que era engenheiro, mas contou que queria ter o próprio negócio e a convidou para uma sociedade. A partir deste convite, os empréstimos começaram a ocorrer.
Outra vítima de Renan contou que deu a ele R$ 16 mil recebidos em uma rescisão. Ela lembra que ele chegou a conhecer a mãe dela e a tratava de forma carinhosa. Ainda assim, aplicou o golpe e não devolveu o dinheiro.
“Quem faz isso com um, faz com vários. Ele vai continuar fazendo, a gente precisa parar ele”, afirmou.
Ao “Fantástico”, o advogado de defesa de Renan, Emerson Martins, afirmou que não teve acesso às denúncias das outras vítimas, somente ao relato de uma mulher com quem o suspeito fez um acordo para pagar a dívida. “Se [novas vítimas] aparecerem, que apresentem as provas”, disse.
Relembre o caso
Renan Augusto Gomes, 35, conhecido como “galã do Tinder”, foi preso por policiais civis da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São Bernardo do Campo na quinta-feira (22).
De acordo com as investigações, ele utilizava um nome falso para atrair as vítimas em sites e aplicativos de relacionamento e depois convencê-las a lhe transferir dinheiro.
Até o dia da prisão, diz a polícia, pelo menos sete mulheres já haviam registrado queixa formal contra Gomes. Elas moram na capital e em municípios do interior de São Paulo.
O modus operandi do “galã” era sempre o mesmo: ele se descrevia como recém-solteiro, sem filhos e avesso a aventuras sexuais ou casuais, sempre em busca de um relacionamento estável.
Uma vez fisgada, a vítima então conhecia um engenheiro “afetuoso, atencioso e carinhoso”, que por vezes se descrevia órfão e, em outros momentos, como se não tivesse vínculos com a família.
Alegando sempre estar ocupado com o trabalho, ele se infiltrava no círculo social das mulheres ao mesmo tempo em que conseguia impedir o movimento contrário. Assim, elas nunca viram ou visitaram os supostos apartamentos que ele dizia ter ora nos Jardins, área nobre de São Paulo, ora na Avenida Paulista.
“Era sempre a mesma historinha, o mesmo formato. Ele roubava um dinheiro, aplicava o golpe e sumia”, conta o delegado Miguel Ferreira da Silva, da DEIC de São Bernardo do Campo.
Gomes, que tinha perfis “em todo site e aplicativo de pegação imaginável”, mudava de nome e sobrenome de acordo com o perfil e nunca passava endereço ou identidade real às vítimas, variando de nome Augusto ou Ivan e o sobrenome.
Em entrevista ao “Fantástico”, o delegado responsável pelo caso afirmou que a polícia chegou até Renan fazendo um perfil falso no Tinder para contatá-lo e coletar dados sobre ele, facilitando, assim, a prisão.