O virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), Maurício Lacerda Nogueira, criticou a estratégia do Centro de Contingência da Covid do governo de São Paulo de ampliar o período para a aplicação da segunda dose da Coronavac. O plano está sendo discutido para que a base de imunizados aumente, já que há poucas vacinas disponíveis.
Nogueira foi o coordenador dos estudos da Coronavac, a vacina do Butantan, em Rio Preto e afirmou nesta quinta-feira (28) ao DLNews que o adiamento é uma estratégia equivocada.
Os testes da vacina indicaram que a segunda dose deve ser aplicada entre 14 e 28 dias após a primeira dose para garantir 50,38% de imunização e 100% contra casos graves da Covid. Segundo o virologista, ampliar esse prazo para imunizar mais pessoas “não é científico”.
Perguntado se a extensão de prazo entre as duas doses pode comprometer essa eficácia, Nogueira afirmou que pode ocorrer, mas não há como saber porque os testes com voluntários foram feitos dentro do prazo máximo de 28 dias.
Já sobre o uso político da vacina, o virologista foi além. “Se não é político, é desespero para mascarar uma incompetência de organização”, afirmou.
À rádio CBN Grandes Lagos, ele também disse nesta quinta (28) que não se pode fazer política com a vacina e que “pior que vacinar pouca gente é vacinar mal vacinado”.
A Prefeitura de São Paulo vai adotar a estratégia considerada equivocada pelo virologista e decidiu que usará todas as 368,3 mil unidades de imunizante recebidas até esta quarta-feira (27) para vacinar pela primeira vez pessoas do grupo prioritário. Em comunicado, a Secretaria Municipal da Saúde informa que as segundas doses serão ministradas só com o preparado de futuras remessas.