Há mais de um ano enfrentando uma série de medidas restritivas para controlar o novo coronavírus, o Brasil vê um crescimento exorbitante da violência contra a mulher na pandemia.
Dados divulgados pelo Disque 100 em março mostraram que o país registrou mais de 105 mil denúncias do tipo só no ano de 2020.
No Estado de São Paulo, comparando os números de 2020 em relação ao ano de 2019, a tenente-coronel Eunice Godinho, primeira mulher a ocupar o comando do 14º Batalhão de Osasco, viu um crescimento de 42% nos atendimentos de violência doméstica por meio do telefone 190.
Segundo ela, o aumento dessas denúncias de urgência não foi refletido na catalogação de boletins de ocorrência junto à Polícia Civil, mas pode ser sentido diariamente nas escutas de rádio do batalhão da PM.
“É uma atrás da outra. São vários flagrantes de prisão de agressores, então o ambiente doméstico realmente está um pouco mais aquecido, um pouco mais movimentado e a mulher fica como vítima. Não só a vítima de um agressor companheiro, ex-marido, mas também há mães sendo agredidas por filhos, avós por netos, então são todas vítimas passíveis de medidas protetivas de urgência expedidas pelo poder judiciário”, explica.
Ainda no fim de abril, tendo em vista o aumento da violência contra a mulher e a aprovação da Lei 17.260/20, que prevê a criação do programa Patrulha Maria da Penha, policiais militares de todo o Estado passaram a receber treinamento especializado para dar às vítimas um atendimento além do habitual nos casos de violência doméstica.
Além de receberem orientações sobre as mudanças na lei, os agentes de segurança deverão ter capacidade de instruir vítimas sobre programas de apoio a nível municipal, federal e estadual fornecidos a elas.