Cerca de 20 mil contratos de produtores da região Noroeste Paulista, equivalentes a R$ 1 bilhão, deverão ser negociados conforme prevê a Medida Provisória n.º 432, publicada ontem no Diário Oficial da União e que estabelece a reestruturação das dívidas rurais em todos os setores da atividade. O débito total é de R$ 87 bilhões, mas não será renegociado integralmente, entretanto, os empreendedores que tiverem condições de pagar de uma só vez poderão ter descontos de até 80%. A medida é vista como uma forma de incentivar os agricultores a voltarem a produzir, sobretudo, em período de crise no setor de alimentação.
O levantamento da região Noroeste foi feito pela Amop (Associação dos Municípios do Oeste Paulista) nas instituições bancárias e segundo lembra o presidente, Liberato Rocha Caldeira, a negociação é pedida desde 95. No respectivo ano, houve o primeiro caminhonaço a Brasília, movimento retomado em 99.
“O movimento para a negociação foi iniciada na nossa região, quando os produtores se mobilizaram para chamar a atenção de autoridades para a causa agrícola. Em 2005, fechamos parte da rodovia Euclides da Cunha e passamos pelas principais ruas de Votuporanga com nossos equipamentos, ano que seguimos à Capital Federal em um tratoraço que ganhou força nacionalmente. Agora, vejo esta medida provisória como um avanço, uma vitória para os agricultores”, diz Caldeira.
Para ele esta é uma forma para que os empreendedores retomem as atividades no campo. “Sabemos que dificilmente o produtor de algodão da nossa região retomará a atividade com o mesmo entusiasmo de antes. Isso porque muitos perderam suas propriedades e hoje trabalham para os usineiros. Entretanto, sabemos que vários estados produtores, como por exemplo, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia, que se preparam para o plantio. A MP 432 dará o fôlego que o setor necessita para voltar a crescer”.
Análise
Na próxima quarta-feira um grupo de produtores da região que integra a Amop estará em Brasília, onde haverá uma reunião com a bancada ruralista. “A idéia é analisar a medida e verificar quais os pontos falhos para que mais grupos possam ser beneficiados”, finalizou. Caldeira. (Elizandra Manfrim)