A realidade bem complicada que muitos brasileiros conhecem e estão passando devido à pandemia, o venezuelano Linderman Moura Souza vivencia e as sofre desde os seus 22 anos, quando iniciou o seu trabalho no meio artístico em um circo, na Venezuela, precisamente falando na cidade de Guarenas, aproximadamente 39 km da capital.
Linderman atualmente está em Votuporanga e sua decisão de buscar uma vida melhor no Brasil veio em parceria com um amigo, que também estava passando por dificuldades e necessitava ir à busca de condições melhores de vida. Como Linderman precisava se sustentar e também sustentar a filha, eles partiram rumo ao Brasil.
Na época, o venezuelano fazia parte de uma escola de circo, junto com a filha que tinha dois anos. “As coisas estavam difíceis, e aí decidimos ir embora, para viajar, conhecer o mundo e mandar dinheiro para minha filha”, contou.
Linderman sempre fez da arte, sua melhor forma de ganhar dinheiro. Além de trabalhar como artista de rua, a música também faz parte de seus dons, sendo baterista e tecladista. Na época o venezuelano fez parte de bandas e grupos musicais, mas não obteve sucesso.
Segundo ele, a busca por outras áreas e outros meios de trabalho foi muitas vezes a única opção, mas a carga horária e o serviço que prestava eram muitos, perto do que o mesmo recebia no fim do dia.
Hoje o malabarista tem 28 anos e uma das coisas que reclamou ao A Cidade, é a dificuldade em lidar com as altas temperaturas dos últimos dias. “Venho por volta das 7h e vou embora por volta das 10h. Passo muito protetor solar, mas mesmo assim é difícil”, explicou.
Ele ainda falou sobre a população votuporanguense: “a população é receptiva, pessoas ruins e pessoas boas. Tem pessoas que te olham e te dão mais grana, os das ‘camionetonas’ às vezes nem olham, mas os do nosso nível são mais legais e ainda falam da hora”.
Linderman disse que sua renda nos semáforos varia, assim como sua localidade em Votuporanga. Às vezes ele está no semáforo da Avenida José Marão Filho, outra na Avenida Nasser Marão ou então na Avenida Antonio Augusto Paes. “Comecei a fazer no Centro também, mas a fiscalização de trânsito falou que não podia. Mas eu gosto daqui, é um lugar movimentado por causa da rodovia”, relatou.
O mundo da arte passou a fazer parte da vida do rapaz através de um amigo, que já praticava o malabarismo e transpôs os conhecimentos a Linderman, que no começo fazia por brincadeira, porém ele foi pegando gosto e vive disso até hoje. “De 50 em 50 centavos eu faço minha renda, faço o que eu gosto e ajudo minha filha”, completou.
Apesar do malabarista, músico, pai e venezuelano lutar contra o calor da cidade de Votuporanga praticamente todos os dias, enfrentar tantas dificuldades ganhando moedinhas pelo seu belíssimo talento, para ele o que importa é fazer o que ama e ser feliz.