terça, 12 de novembro de 2024
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Vendas de bebida alcoólica via delivery e internet disparam

Sem mesas de bares e de restaurantes para se reunir e pedir a cerveja gelada ou o vinho para acompanhar um bom prato, os consumidores em isolamento social se concentram…

Sem mesas de bares e de restaurantes para se reunir e pedir a cerveja gelada ou o vinho para acompanhar um bom prato, os consumidores em isolamento social se concentram em pedir mais uma pela internet.

Ecommerces e deliveries de bebida registram em tempos de coronavírus um aumento de até 50% na demanda.
O número de pedidos na Evino subiu 20% entre fevereiro e março em relação ao mesmo período de 2019, diz Ari Gorenstein, vice-presidente do ecommerce. A Evino empresa registrou aumento de 72% no número de novos clientes.

“Estamos numa situação privilegiada. Se aumentou o consumo em casa, foi pela supressão dos outros setores, como os supermercados”, afirma o executivo.

“Entendemos que, passado o auge [das compras em casa], esse hábito vai seguir, e vamos ter um retorno de fidelização”, explica.

Os relatos de aumento em casa são um fenômeno global e começam a preocupar as autoridades na área de saúde. Na quarta-feira (15), a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou que governos deveriam limitar a venda de bebidas alcoólicas durante as quarentenas.

Segundo a entidade, o álcool reduz a imunidade, e seu consumo excessivo pode prejudicar a saúde física e mental e elevar o risco de violência doméstica durante confinamentos.
De acordo com Jessica Gordon, presidente da Bebida na Porta, startup de entregas, a alta demanda não necessariamente representa um aumento de consumo durante a quarentena, mas principalmente o deslocamento no local. Se antes os bares ficavam lotados durante a noite, hoje o consumidor bebe com os amigos por videoconferência, por exemplo.

O Zé Delivery, o Empório e o Sempre em Casa, canais de entrega de bebidas da Ambev, também registraram aumento na demanda, mas a empresa afirma que a alta dos pedidos pela internet não compensa a queda nas vendas decorrente do fechamento de bares e restaurantes.
A cervejaria afirma que, somando todos os canais, houve diminuição nas vendas com a quarentena.

Segundo a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), entre 15 e 31 de março, ocorreu uma queda média 52% no faturamento do setor, e 40% das empresas disseram que já sentiram retração nas vendas após o isolamento social.

Outra mudança que observaram no Bebida na Porta foi o comportamento no horário dos pedidos. Antes, eram mais frequentes à noite e no começo da madrugada. Nas últimas semanas, começaram a ter picos no fim da tarde até o começo da noite.

A expectativa é que pedidos online podem ganhar um novo espaço quando a quarentena acabar. “O isolamento mostra que é prático e em conta pedir bebida em casa”, diz Gordon.
De acordo com a pesquisa da Abrabe encomendada à KPMG no fim de 2019, 61% do consumo de bebidas alcoólicas acontecia em locais de convívio social, com bares, baladas e restaurantes.

O impacto no setor de bebidas gerado pelo novo coronavírus será parecido ao que aconteceu em 2016, avalia Angélica Salado, gerente de pesquisa da Euromonitor.

Entre 2015 e 2017, o país passava por uma crise econômica, e o consumo de bebidas foi deslocado das mesas de bares para dentro das casas com o objetivo de aliviar as contas no fim do mês.

No entanto, naquela época, mesmo com a mudança no perfil de consumo, ainda era possível ir a bares e restaurantes, diz Salado. “O consumo dentro de casa que estamos tendo hoje não é o suficiente para suportar o impacto do vírus”, conta.
Para a gerente de pesquisa, pequenas empresas de bebidas podem não sobreviver, enquanto as de grande porte devem acompanhar a demanda dos consumidores e apostar na produção de rótulos que são mais requisitados para superar a crise. “Também é necessário uma boa estratégia digital, voltada para o ecommerce e para o delivery”, diz.

A perspectiva para o setor é de uma recuperação lenta, afirma. Antes da Covid-19, a Euromonitor esperava que recuperação do impacto de 2016 chegaria em 2022. Com o avanço da doença, a perspectiva é que os níveis pré-crise voltem entre 2023 e 2024.

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