O suíço Gianni Infantino acertou ao afirmar que o árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês) ganhou a confiança do torcedor na Copa do Mundo da Rússia.
O presidente da Fifa referia-se à utilização da imagem em momentos duvidosos dos jogos. No Brasil, o VAR é quase uma realidade. Recentemente, durante jogo da Série B, um atleta do Paysandu pediu ao juiz de campo que revisse lance polêmico fazendo o gestual com os dedos que indica a utilização do monitor de TV. Porém, ainda vai levar mais tempo até que o recurso se torne rotina nos torneios da CBF.
O protagonista da Copa do Mundo da Rússia, que ainda divide opiniões entre quem o considera a solução para eventuais injustiças no campo e quem prefere o jogo à moda antiga, ganhará a sua primeira utilização mais efetiva no País a partir das quartas de final da Copa do Brasil, no dia 1º de agosto. Até a decisão, serão 14 partidas equipadas com a estrutura do árbitro de vídeo.
Trata-se, no entanto, de uma exceção. Problemas de logística e custos inibem a aplicação em larga escala pelos campeonatos mais importantes do País. No Brasileirão, por exemplo, os clubes votaram contra, em fevereiro, justamente porque não queriam arcar com a despesa estimada – R$ 20 milhões nos 380 jogos da Série A.
No caso da Copa do Brasil, a conta ficará com a CBF, que contratou uma empresa por meio de edital e bancará aproximadamente R$ 50 mil por partida.
Pensar na utilização do árbitro de vídeo em todas as partidas dos estaduais ou mesmo do principal campeonato nacional, então, beira a utopia. “Tudo depende de custos, de valores. Não é um processo tão barato. Vamos ter de treinar mais pessoas, ter mais gente certificada, o que leva tempo. Não é algo tão simples”, disse o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Marcos Marinho. “Estamos falando de 10 jogos por rodada (Série A), ou seja, 10 estruturas do VAR atuando. Então, aumenta o número de pessoas e equipamentos, é uma outra realidade do que fazer simplesmente a partir das quartas de uma Copa do Brasil”, disse.
Protocolo
Além do custo, há procedimentos que precisam ser minuciosamente seguidos de acordo com a IFAB (International Football Association Board, o órgão responsável pelas regras do jogo). Não basta, portanto, só querer aplicar. “Cada árbitro, assistente e operador de vídeo tem de passar por um período de testes para ser autorizado. Existe uma plataforma onde colocamos todo o material editado com todos os lances de treino para a IFAB avaliar”, explicou Marcos Marinho.
Para a Copa do Brasil, foram 32 árbitros da elite reunidos durante 20 dias em Águas de Lindoia, no interior de São Paulo, para um curso intensivo. Na opinião de Marcos Marinho, o nível da arbitragem na Rússia foi “satisfatório” e a experiência do VAR ajudou o público a entender a dinâmica do recurso, por mais que as discussões persistam. “Acho que os lances interpretativos ainda são a grande questão”.