sexta, 13 de junho de 2025
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Valdete pede perdão, tenta aproximação, mas desce do salto no final

A sabatina da secretária de Educação de Fernandópolis poderia ter rendido muito, mas foi barrada pelo tempo determinado pelo presidente da Câmara

A Secretária Municipal de Educação de Fernandópolis, Valdete Magalhães, esteve no centro das atenções durante a sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira, 3 de junho. Convocada por requerimento do vereador Julio Cesar Cebin, conhecido como Julinho Barbeiro, a sabatina teve como pano de fundo a crescente insatisfação de professores e as moções de repúdio protocoladas no Legislativo.

Valdete Magalhães optou por utilizar grande parte do tempo a ela destinado para a leitura de uma “carta contra-repúdio”, um documento em resposta às críticas recebidas da categoria. Em um tom que surpreendeu muitos, a secretária proferiu pedidos de desculpas e perdão, admitindo erros cometidos e mencionando um desejo de “recomeço” em sua gestão. Essa abordagem, pausada e explicativa, consumiu a maior parte do tempo, limitando a profundidade das perguntas que poderiam ser feitas pelos vereadores sobre sua atuação na administração do prefeito João Paulo Cantarella.

A estratégia inicial pareceu surtir efeito. O vereador Julinho Barbeiro, ao iniciar suas perguntas, salientou a humildade da secretária em reconhecer falhas e pedir desculpas ao grupo de professores que acompanhava a sessão na Câmara.

Entretanto, a sabatina revelou momentos de tensão. Valdete Magalhães foi questionada sobre uma publicação de evento religioso na rede oficial da Secretaria de Educação. A secretária admitiu o ocorrido como um “erro grotesco”, atribuindo a responsabilidade à equipe de comunicação e reconhecendo que a postagem gerou constrangimento e críticas.

O vereador Carlos Cabral desmascarou Valdete sobre falas mau interpretadas que teria colocado o vereador em uma saia justa. Cabral disse que Valdete entendeu erradamente o contesto quando o assunto foi a questão de ser ou não profissional na educação e na política local.

O ponto de maior embate veio com a vereadora Janina Alves. A parlamentar confrontou Valdete sobre o discurso da gestão do prefeito João Paulo Cantarella, que prometia priorizar profissionais com qualificação técnica, questionando a remoção do servidor Washington Pessuto, um técnico experiente na área da Educação. A resposta de Valdete, de que a substituição ocorreu por “uma pessoa técnica”, foi considerada “sem sentido algum” por Janina, que publicamente afirmou que a secretária “ainda [lhe] falta muita humildade”. Valdete, por sua vez, defendeu-se afirmando que “isso era o seu jeito Valdete de ser, quando deixou de ser mecânica e respondeu os questionamentos de espontaneidade”.

Ainda assim, a postura da secretária pareceu mudar drasticamente ao ser interpelada por um professor da plateia sobre a questão de “alunos laudados”. A serenidade inicial deu lugar a uma resposta mais “agressiva”, e Valdete teve um início de “bati boca” com o professor, deixando transparecer uma faceta mais confrontadora e indicando que não “leva desaforo para casa”.

Visivelmente, o começo foi um discurso de paz e amor para amenizar e criar um constrangimento aos professores presentes e aqueles que acompanhavam a sessão pelas redes sociais do Poder Legislativo, mas o final foi uma derrubada da tese inicial de trégua com professores, assessores e diretores de escola.

A sessão poderia ter entrado em um caminho mais extenso, com novos assuntos na pauta dos vereadores e novos questionamentos, mas a sequência da sabatina foi interrompida por falta de tempo, dando lugar a leitura dos requerimentos e indicações, descartando a possibilidade de perguntar polêmicas para que Valdete responder sem ajuda de um script.

Já o grupo de professores que acompanhou tudo da plateia, a insatisfação foi geral. O discurso moroso não convenceu que se sentiu ofendido pelas tratativas iniciais de Valdete antes mesmo de assumir o cargo. A decepção dos professores era visível, de quem ainda enfrentaria uma gestão truculenta por mais um período na administração do prefeito João Paulo Cantarella, que por sinal, pretende manter a atual secretária no cargo, mesmo sabendo que perdeu popularidade e apoio de grande parte dos servidores da Educação.

Além dos professores, os vereadores Afonso Pessutto, Étore Baroni e Daniel Domenicis, também ficaram revoltados pela falta de tempo e oportunidade de questionar a secretária Valdete Magalhães.

Ainda na plateia, o grupo de professores não se misturou com o grupo de apoiadores da secretária. Foi uma divisão de lugares que há muito tempo não se via no Poder Legislativo, desde os tempos das CPIs, quando senhas eram distribuídas para grupos rivais.

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