A usina de açúcar e álcool Alcoazul, de Araçatuba, demitiu cerca de 250 trabalhadores rurais migrantes depois que eles protestaram para reivindicar o cumprimento das condições de trabalho acertadas com a empresa. Os trabalhadores, que foram trazidos de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Bahia e do Maranhão, para cortar cana em Araçatuba, paralisaram as atividades em protesto contra a quebra do contrato de trabalho.
Pelo contrato, eles receberiam por produção, mas nos últimos dias a usina decidiu transferi-los para o serviço pago por dia. Insatisfeitos, 400 trabalhadores paralisaram as atividades na semana passada e outros 150 pararam de trabalhar na última quarta-feira. Eles fizeram um ato de protesto na frente da usina e impediram a entrada de caminhões de cana. Segundo os trabalhadores, com a quebra de contrato, eles receberiam salário muito inferior ao contratado no final da safra. Ontem, a usina anunciou que faria as dispensas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçatuba e Região, Aparecido Guilherme de Moura, a usina alegou que houve excesso de mão-de-obra porque a indústria estava sem capacidade de atingir a moagem máxima. “A usina deveria processar 10 mil toneladas por dia, mas por problemas na indústria está processando apenas 7,5 mil toneladas”, explicou Moura. Por isso, segundo ele, 300 trabalhadores foram transferidos para o serviço de plantio de mudas que é pago por dia. “Mas lá também houve problema porque a seca impediu o plantio das mudas de cana e eles (trabalhadores) ficaram praticamente sem trabalho”, disse.
Segundo Moura, a usina será multada por fazer a demissão em massa antes do término do contrato de trabalho, que previa o pagamento por produção até o final da safra da cana, em novembro. Segundo Moura, a usina terá que pagar uma multa equivalente ao valor médio pago pela produção mensal. O valor mínimo pago a um cortador de cana é de R$ 490,60. A usina será responsável pelo envio dos trabalhadores de volta para seus Estados de origem. Os diretores da empresa não foram encontrados para comentar o assunto.