Sob forte pressão popular a Câmara Municipal de Urupês aprovou abertura de Comissão Especial de Inquérito (CEI), para apurar denúncia de crime eleitoral que o prefeito Jaime de Matos teria praticado em campanha eleitoral. Ele foi reeleito e a denúncia foi feita à justiça eleitoral por Cássia Rita de Bortole Perosa Ravagnani, candidata que sofreu derrota nas eleições municipais. Dos nove vereadores que compõem o Legislativo, seis votaram a favor da CEI.
A sessão da Câmara foi realizada dia 5 último, no prédio situado no centro da cidade, defronte à praça principal. Mais de hora e meia antes do início, que se deu às 20 horas, grande multidão começava a tomar conta dos arredores do prédio. Era visível a divisão popular. De um lado, grupos ostentavam cartazes de apoio a Jaime de Matos; de outro, mais grupos que apoiavam Cássia Rita. Na praça e um pouco mais distante da Câmara havia pessoas postadas nas calçadas, que ali estavam mais por curiosidade.
Pouco antes do início da sessão, o único corredor de acesso ao plenário estava totalmente tomado. No plenário, todo o espaço foi ocupado, e os vereadores, sentados, ficaram cercados por populares. Somente o presidente da Câmara, Wílson Colabone, e dois vereadores secretários estavam um pouco mais distantes, na mesa principal, para dirigir os trabalhos.
As janelas da Câmara, de vitrô, de acesso a uma rua, também foram ocupadas por pessoas que se espremiam para conseguir lugar. Tinham que ficar praticamente penduradas, devido à altura das janelas. Na verdade, como diz uma música popular, quem estava dentro não saía e quem estava fora não entrava.
A sessão teve início no horário marcado e seguiu a tramitação normal. A seguir, deu-se início à votação dos vereadores. A cada voto desfavorável ao prefeito as manifestações eram contundentes, dentro e fora da Câmara. Os adeptos de Cássia Rita comemoravam. Foram cerca de vinte minutos de muita apreensão por parte dos parlamentares e do público. O presidente, Colabone, pedia a compreensão do povo, para fazer silêncio. Não adiantava.
As coisas se acalmaram depois que se encerrou a votação e a aprovação da abertura da CEI. Na seqüência, um pouco mais de adrenalina na sessão que já ficou na história política da cidade. Colabone sorteou três vereadores para compor a CEI, que recaíram sobre Geraldo de Marques (PSB), Maria Lúcia Furlan (PSDB) e Antônio Delgado Carnielli (PSDB). A seguir, deu-se o encerramento da sessão.
Colabone
O presidente da Câmara de Urupês, Wílson Colabone, em entrevista ao Notícia da Manhã, disse que já sabia da manifestação popular. “Estava prevista e imaginávamos que ia acontecer isso”. Para ele, não houve interferência direta nos trabalhos. “Tentamos, da melhor forma, conduzir a sessão sem ofender ninguém, pedindo silêncio. Acho que a conduzimos da melhor forma possível”.
O Notícia da Manhã observou que apenas um policial militar, durante a sessão, estava presente, mas, ao encerramento, chegaram mais dois policiais do Tático da PM. Colabone explica. “Requeremos segurança para a Polícia Militar, mas alegaram que o Município é pequeno e todos se conhecem e, dificilmente, haveria agressão. Houve só mesmo manifestação de pessoas gritando, batendo palmas”. Reconhece que foi difícil fazer com que o público permanesse em silêncio. “Na verdade, não poderia ter manifestação dentro do Legislativo, mas não conseguimos fazer com que as pessoas ficassem quietas”. Colabone afirmou que houve ameaça de morte à sua pessoa, antes do dia da sessão. Ele teve que sair escoltado pela polícia do prédio da Câmara.
Como fica
A CEI foi instalada para apurar denúncia contra o prefeito. Se achar que a denúncia é competente, a Câmara tem prerrogativa e até mesmo cassar o prefeito. Segundo explica Colabone, a CEI tem cinco dias para instalar-se. Depois de instalada notificará o prefeito, que terá dez dias para responder.
Tentativa
O Notícia da Manhã tentou entrar em contato com o prefeito Jaime de Matos, no dia de ontem, via Prefeitura e celular, mas não conseguiu.