A Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis tomou conhecimento no início da noite da última quinta-feira, dia 30 de outubro, por parte da Fundação Vunesp, organizadora do Vestibular de Medicina da Unicastelo, de um possível esquema para fraudar o processo seletivo em benefício de alguns candidatos.
São 80 vagas em disputa, e a direção da Unicastelo, bem como a Vunesp, buscando garantir uma concorrência leal entre os vestibulandos e a lisura do processo seletivo, procuraram apoio das autoridades policiais locais. Vale ressaltar que um grande esquema de fraude no Vestibular de Medicina da Unicastelo foi registrado em dezembro de 2010.
À época, duas pessoas foram presas e cerca de 18 candidatos indiciados. O delegado Gerson Donizete Piva, titular da Delegacia de Investigações Gerais de Fernandópolis, confirmou que investigações tramitam sob sua responsabilidade e que poderá enquadrar o caso como “fraude em vestibular”.
“Sete pessoas, que costumeiramente vêm se inscrevendo e realizando vestibulares para Medicina, foram identificados na lista dos vestibulandos que concorrem por uma vaga na faculdade de Medicina da Unicastelo de Fernandópolis”, disse dr. Gerson durante entrevista nesta semana.
Caso semelhante ocorreu recentemente, no mês de agosto, em Ribeirão Preto: 11 pessoas foram presas. “Fomos comunicados sobre a suspeita na véspera do Vestibular, na quinta à noite, sendo que as provas ocorreram na manhã e na tarde de sexta, dia 31 de outubro. Em diligência, acompanhado por uma equipe de agentes da DIG, fui à Unicastelo, que recebeu aproximadamente 1,6 mil candidatos na sexta-feira. Havia uma movimentação intensa no campus universitário, mas a nossa presença pode ter frustrado a ação de parte dos suspeitos. Nós abordamos dois irmãos, que ao final da prova do período da manhã, estavam com diversos celulares, portavam alguns aparelhos e outros foram encontrados no carro que utilizavam. Nenhuma mensagem com conteúdo sobre respostas de testes ou relacionada à prova foram encontradas, mas os aparelhos foram apreendidos e passarão por perícia pois encontramos alguns códigos, que podem estar relacionados ao gabarito. À tarde, abordamos
mais um rapaz, ainda numa das salas onde a prova estava sendo aplicada. Ele portava, contra as orientações dos responsáveis pela avaliação, um celular, e acabou revelando que havia contratado um “serviço” para sua aprovação no vestibular. O valor total pela vaga teria sido combinado em R$ 45 mil, sendo que havia pago adiantado R$ 10 mil”, disse o delegado da DIG.
Ainda segundo este terceiro averiguado, ele não teria recebido nenhuma mensagem em seu celular, e também não deu detalhes sobre quem seria o suposto fraudador. Estas pessoas que se especializam em fraudar vestibulares, os “pilotos”, sempre saem com os gabaritos uma hora antes do término da prova. Utilizam celulares ou pontos eletrônicos para passarem as respostas corretas aos “contratantes” destes serviços.
Deixam vestígios de suas fraudes, como a sucessiva inscrição em vestibulares, como a identificada pela Vunesp, e chegam a “gabaritar” os resultados em algumas áreas, por exemplo exatas ou biológicas, e erram apenas algumas em humanas, para “não chamar a atenção”. Mas falham, e acabam identificados pela Polícia. De acordo com o delegado Gerson Piva, a DIG manterá as investigações em curso, e novidades devem surgir nas próximas semanas.
João Leonel-Jornal O Extra