sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Uma barbárie atrás da outra

O Brasil é um país estranho. Até a semana passada, todo mundo assistia, de braços cruzados, às manifestações de rua, principalmente nas capitais. As autoridades do Rio e São Paulo,…

O Brasil é um país estranho. Até a semana passada, todo mundo assistia, de braços cruzados, às manifestações de rua, principalmente nas capitais.

As autoridades do Rio e São Paulo, em especial, acompanhavam passivamente e os entendidos cantavam em prosa e verso a liberdade de expressão preceituada na nossa Constituição.

Paralelo a isso, todas as mídias davam grande destaque ao assunto, mostrando não só o lado democrático, mas, também, o lado nefasto do movimento popular que, especula-se, infelizmente, pela multiplicidade de queixas, não tem propósito algum, senão promover arruaça e afrontar os governantes, sejam eles de situação ou oposição.

Como ninguém tomou providência alguma para coibir os abusos e evitar a tragédia anunciada, o episódio que resultou na morte do cinegrafista da Band vai funcionar como um divisor de águas. A barbárie catalisou opiniões e todos, indistintamente, agora condenam com veemência a violência, exagerada e gratuita.

Noves fora essa unanimidade, no calor das discussões e na busca indiscriminada por culpados, começaram a aparecer salvadores da pátria e os nossos nobres senadores, capitaneados pelo imortal mestre Renan, defenderam a votação de projeto de lei que tipifica o crime de terrorismo.

A atitude é bem própria dos nossos congressistas. Quando não sabem o que fazer, imediatamente tentam passar a impressão de que estão trabalhando para resolver determinado problema, criando mais uma lei. Simples assim, até porque lá no Congresso deve ter um estoque sem fim de projetos de lei, aguardando algum momento para serem tirados da cartola, de acordo com a conveniência do momento.

A caradura sem fim dos senadores apareceu apenas algumas horas após o anúncio da morte do cinegrafista Santiago de Andrade, que tombou vítima da leniência daqueles que, com suas omissões, contribuíram decisivamente para que a tragédia, até então anunciada, se confirmasse.

Será que não seria muito mais importante que nossos parlamentares deixassem de jogar para a torcida e arregaçassem as mangas de seus caros paletós e iniciassem um movimento para fazer com que sejam cumpridas as inúmeras leis já existentes no país? Já não basta o emaranhado de leis que não são cumpridas e ainda querem criar mais uma, que fatalmente terá o mesmo destino das outras tantas?

O pior disso tudo é que ainda correríamos o risco de ver banalizado o termo e fatalmente deixaríamos ao alvitre de pessoas despreparadas ou oportunistas a responsabilidade de tipificar o que é, de fato, terrorismo. Tenham paciência!

Será que estamos todos surdos, cegos e mudos? Talvez seja o momento de tornar ao eixo e recuperar a razão.

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