sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Um Projeto de País

O imediatismo e as políticas à curto prazo imperam em nosso país. Grandes reformas e projetos estruturantes a longo e médio prazo são as exceções que encontramos pelo Brasil a…

O imediatismo e as políticas à curto prazo imperam em nosso país. Grandes reformas e projetos estruturantes a longo e médio prazo são as exceções que encontramos pelo Brasil a fora.

A elaboração de estudos e projetos demanda da Administração Pública recursos de que ela nem sempre dispõe: profissionais especializados, recursos orçamentários alocados para essa finalidade e tempo disponível para sua elaboração e avaliação. Quando o administrador público dispõe desses recursos, ele prefere executar obras com maior visibilidade, como praças e pintura de vias. A urgência das demandas a serem atendidas em um país com carências tão graves quanto as nossas dificulta a reunião desses três elementos já citados, pois o que mobiliza a opinião pública são as obras e não os estudos preparatórios.

Nesse sentido, não é por acaso que o atendimento em coleta de esgotos não chega a ser 50% para a população brasileira e as praças são reformadas à todo mandato.

Esse fenômeno tem algumas explicações, talvez, simplórias. Uma é a audiência que a população dá para essas obras “de vitrine” e a outra é a falta de espírito público dos governantes brasileiros, apesar de haver algumas exceções.

Nesse caso, o Brasil tem passado por uma completa ausência de projeto de país. Ainda vigora o “espírito aventureiro” dos conquistadores que aqui colonizaram. Ainda prevalece os ganhos rápidos através da dilapidação ao invés de afirmação de um empreendedorismo público. Faltam projetos, falta estudos.

Os projetos que me refiro tratam do planejamento estratégico da afirmação de país e nação. Por exemplo: O Brasil tem a maior reserva de nióbio do mundo (90%), material extremamente raro e utilizado para produtos de alta tecnologia em todos os setores, no entanto, não temos política específica para tal mineral.

O Brasil tem o maior potencial agroindustrial do mundo, mas possui apenas cerca de 5% de suas áreas irrigadas. O Brasil ainda exporta de maneira inversa e com a estrutura logística errada. Ou seja, nossa produção mineral e agrícola fica no centro-oeste e sudeste, no entanto, ao invés de exportar através do nordeste (mais próximo de nossos compradores) descemos, via as ineficientes e caras rodovias, e exportamos pelo sobrecarregado Porto de Santos, fazendo a mesma maneira que fizemos desde o começo do século 20.

Somos um país continental e ainda não temos ferrovias que liguem os “corredores de escoamento” do país. Enquanto o nosso Imperador andava de “mula” em meados do século 19, o trabalhador americano já viajava de trem pelo interior do seu país.
Os projetos de hidrovias, apesar de mais eficientes em relação a todos os outros, ainda engatinham…

Em relação à questão social, na era democrática atual, tivemos um Plano Nacional da Educação, medida para prover a estratégia da educação do país nos próximos 10 anos, já elaboração do outro, após o fim do primeiro, ainda rasteja pelo parlamento. O Lei de Diretrizes e Bases obriga o gestor municipal a fazer um planejamento semelhante nas cidades, no entanto, pouquíssimos o fazem e outros o tratam como mera lei evasiva e geral.
Ainda somos um grande país exportador e importador de trabalho escravo. Somente agora foi aprovada a relação a equiparação do trabalho da doméstica aos dos demais trabalhadores.
Pouco se fala em metas e objetivos a serem alcançados… Vamos levando com a barriga… Até vir a próxima crise…

Por fim, falta espírito público e, primordialmente, é fundamental a valorização da figura de gestores pragmáticos ao invés de líderes populistas. A cultura sobre a qual foi assentado o estado brasileiro e os costumes brasileiros aparentemente não prestigia esse pensamento de resultados e metas, no entanto, precisamos vencer o “oportunismo do aventureiro”, do conquistador, do máximo ganho à curto prazo, e pensar, urgentemente, em um projeto de país para o presente e para as próximas gerações.

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