sábado, 23 de novembro de 2024
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Um em cada dois médicos já foi agredido na região, diz pesquisa

A violência contra médicos em Rio Preto e cidades da região está em alta, equiparando-se, em alguns quesitos, a gravíssimos índices registrados no Estado. Segundo o levantamento, um em cada…

A violência contra médicos em Rio Preto e cidades da região está em alta, equiparando-se, em alguns quesitos, a gravíssimos índices registrados no Estado. Segundo o levantamento, um em cada dois médicos já sofreu agressão por parte de pacientes e familiares. Os episódios vão desde ataques físicos a psicológicos, passando por situações de assédio sexual.

Os dados são de pesquisa com a participação de 354 médicos e apresentada por diretores da Associação Paulista de Medicina (APM) – Regional de Rio Preto, na manhã desta quinta-feira, 29 de julho. No levantamento, 354 médicos responderam ao questionário, 68% homens e 32% mulheres. Dessa amostra, 63,28% já tiveram o dissabor de assistir algum colega da saúde sofrer violência, sendo que 44,92% (praticamente um a cada dois) foram vítimas de agressões.

Os números de Rio Preto se aproximam de outros, alarmantes, de pesquisas estaduais. Em 2018, levantamento do Conselho Regional de Medicina dava conta de que a taxa no estado era de 7 vitimados em cada 10. Os dados da região também se aproximam aos do conjunto da América Latina: 66,70%, em 2015, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde.

A agravante, dizem os representantes da da Associação Paulista de Medicina que comandaram a pesquisa, é a de que a estrutura de Rio Preto para garantir a segurança dos médicos e demais profissionais é extremamente insuficiente. Conforme a pesquisa da APM local, na saúde pública esse aparato só é perceptível para 17,80% dos que responderam; enquanto na saúde privada a percepção é de 30,79%.

O arrefecer da truculência, mesmo em um momento em que os médicos têm exposto suas vidas e de seus familiares para salvar os acometidos pela Covid-19, já provoca reações das entidades representativas da classe. A AMB acionou sua assessoria parlamentar em Brasília, na primeira hora desta quinta-feira (29), solicitando que deputados e senadores sejam contatados imediatamente e cobrados a dar celeridade à aprovação do Projeto de Lei n° 6749 de 2016. O PL tipifica de forma mais gravosa os crimes de lesão corporal, contra a honra, ameaça e desacato, quando cometidos contra médicos e demais profissionais da saúde no exercício de sua profissão.

“Lamentavelmente, as mazelas no sistema público e da rede suplementar são recorrentes e os pacientes sofrem na pele. São dificuldades para o acesso, demora para atendimento, falta de leitos, de medicamentos, de profissionais, entre outras”, argumenta César Eduardo Fernandes, presidente estadual da APM. “A indignação dos pacientes e familiares é justificável, somos solidários a eles. O problema é que alguns jogam sobre nós a responsabilidade da má-gestão da saúde, nos culpam por falhas estruturais. Isso é um equívoco inadmissível. Uma coisa é defender a cidadania, outra é calar ante a selvageria”.

A Regional da APM de Rio Preto enviou ofícios, anexando a pesquisa, ao prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo, ao secretário municipal de Saúde, Aldenis Borin, ao Ministério Público e à Delegacia Seccional de Polícia Civil pedindo providências urgentes para garantir a segurança dos profissionais de São José do Rio Preto e região.

O mesmo foi feito pela APM Estadual, que acionou os Ministérios da Justiça e da Saúde, o Governo do Estado de São Paulo, as Secretarias de Segurança Pública e Saúde, além da Procuradoria Geral de Justiça.

A apresentação dos dados da pesquisa reuniu Leandro Freitas Colturato e Paula Fialho Saraiva Salgado, respectivamente, presidente e diretora de Defesa de Classe da APM – Regional de Rio Preto, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, o presidente da APM Estadual, José Luiz Gomes do Amaral, e o diretor de Defesa Profissional da Associação, Marun David Cury.

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