Uma mensagem enigmática espantou os argentinos que assistiam à TV Pública ontem (4). Em um link, uma repórter informava sobre a investigação da morte do promotor federal Alberto Nisman. O detalhe que fez toda a diferença é que ela estava em frente a um carro estacionado na rua com o seguinte cartaz preso ao vidro: “Matamos x encargo” (“Matamos por Encomenda”, em tradução livre). Na verdade, era o anúncio de uma dedetizadora.
Chocados, os telespectadores movimentaram as redes sociais. A TV Pública é controlada pelo governo argentino, alvo de denúncias de Nisman. No Twitter, o público ironizou a gafe e chamou de “coincidência” e “casualidade”, referindo-se às suspeitas de participação da Casa Rosada (sede da Presidência) no crime. As primeiras investigações indicavam suicídio.
“Está bem. Dedicam-se a exterminar insetos. Mas matamos por encomenda, nesse contexto, soa péssimo”, criticou Jorge Nielsen. “Matamos por encomenda… já sabíamos, TV Pública!”, provocou Fede Viviani. “Canal do governo, Nisman, cartaz de matamos por encomenda, preços cuidados… a ironia é deliciosa”, comentou Lucas Rodríguez.
O promotor Alberto Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento na capital, Buenos Aires, em 19 de janeiro, mesmo dia em que apresentaria provas de que a presidente, Cristina Kirchner, protegeu iranianos envolvidos no atentado contra a associação israelita da cidade, em 1994, que deixou 85 mortos.