Uma pesquisa realizada pelo hospital de câncer A.C.Camargo, em parceria com a Nexus, mostrou que três em cada dez homens nunca fizeram e nem pretendem fazer o exame de toque retal. O levantamento também revelou que 44% dos entrevistados não têm conhecimento sobre a prevenção do câncer de próstata.
A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) aponta que, no último ano, a doença causou a morte de 47 homens por dia, em média, no Brasil. O exame de toque é uma das maneiras de identificar o câncer de próstata, sendo uma parte importante do protocolo de rastreamento, explica Rodolfo Reis, professor da USP e vice-presidente da SBU. Ele ressalta que o teste é acessível e permite identificar sinais suspeitos, como a presença de sangue.
Outro exame utilizado para detectar a doença é o PSA, um teste de sangue que deve ser feito em conjunto com o toque retal, pois os dois se complementam.
O estudo ouviu 966 homens com 16 anos ou mais, em todos os estados do Brasil, entre 18 e 24 de setembro deste ano. Stênio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo, defende que o protocolo de exames deve ser personalizado e que, embora o toque retal tenha perdido popularidade, ele ainda é um recurso importante por ser acessível e econômico.
Atualmente, o rastreamento de câncer de próstata é recomendado para homens a partir dos 50 anos, e para aqueles com histórico familiar da doença, a partir dos 45. Entre os entrevistados mais jovens, de 16 a 24 anos, 49% disseram que nunca fizeram nem pretendem fazer o exame, o que, segundo Reis, pode ser explicado pela distância que sentem em relação ao problema.
A pesquisa também revelou que 60% dos entrevistados entendem que o exame de toque é necessário, independentemente de sintomas, e 64% acham que o médico deve ser consultado mesmo sem sinais da doença. Ainda, 53% acreditam que o câncer de próstata é uma doença de homens mais velhos, o que é confirmado por Zequi, que observa que a maioria dos casos ocorre em pacientes com mais de 50 anos, embora ele já tenha atendido pessoas mais jovens.
Além disso, 44% dos entrevistados desconhecem métodos de prevenção da doença. Reis esclarece que, embora não existam exames preventivos para o câncer de próstata, o diagnóstico precoce é crucial para um tratamento mais eficaz. O especialista explica que fatores genéticos influenciam o risco, e, por isso, aqueles com histórico familiar, inclusive de câncer de mama em parentes do sexo feminino, devem considerar iniciar o rastreamento antes dos 50 anos.
Por fim, o estudo abordou mitos sobre o câncer de próstata, e 68% dos participantes acreditam que homens com problemas na próstata têm maior risco de disfunção erétil. Zequi confirma que, após o tratamento do câncer de próstata, pode haver alterações na função sexual, especialmente em idosos. No entanto, ele acrescenta que com diagnóstico precoce, é possível preservar as estruturas nervosas da região.