Uma fatalidade ocorrida na quarta-feira, 7, em Rio Preto entristeceu a população e repercutiu em portais de notícia de todo o País. Um bebê de apenas um ano morreu após ser esquecido no carro pelo pai. Em depoimento, o homem afirmou que não estava acostumado a levar o filho caçula para a escola e, como o bebê estava dormindo, não percebeu a presença dele quando estacionou o veículo próximo ao trabalho.
Segundo o homem, ele permaneceu na empresa por pouco mais de quatro horas: das 13h30 às 17h45. Naquela quarta-feira, os termômetros marcavam 29º graus na cidade.
Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, o médico rio-pretense Jorge Haddad diz que, a depender das condições climáticas, bastam poucos minutos para uma criança pequena sofrer insolação, condição provocada pelo calor intenso.
“Os carros foram projetados para total vedação quando fechados. Sem circulação de ar, a temperatura interna sobe muito rápido, mesmo que não esteja muito calor. Acima de 40 graus, o corpo entra em colapso. A alta temperatura provoca convulsões que são fatais”, diz.
Relativamente comum no mundo, a ciência trata esse tipo de ocorrência como “síndrome do bebê esquecido”. Ela ocorre principalmente quando o responsável sai da rotina e tem que desempenhar uma tarefa que não faz parte do dia a dia.
Em depoimento na Polícia Civil, o pai explicou que era a mulher quem levava o bebê na escola. Porém, na quarta-feira, o carro dela foi deixado para lavar e a família seguiu no veículo dele para os compromissos. Ele deixou a esposa no trabalho e levou a filha de sete anos na escola. Ao final do turno de trabalho, o homem estranhou ao ver a bolsa do bebê no carro, mas o pequeno não estava na cadeirinha. No trajeto para a escola infantil, ele viu o filho caído no assoalho traseiro, se desesperou e bateu o carro em uma árvore.
Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados, mas, segundo o médico, o bebê já havia morrido há pelo menos três horas.
De plantão no dia do incidente, o delegado Luciano Birolli Sanches Peres teve o desafio de deliberar sobre o caso em poucos minutos. A ocorrência foi registrada como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
“No saguão de espera o pai chorava muito. Apurei naquele momento que se tratava de um excelente pai e marido. Portanto considerei um dispositivo da lei para não autuá-lo em flagrante”, disse.
O delegado se refere ao parágrafo 5 do artigo 121, que autoriza o agente da lei a deixar de aplicar a pena “se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. A investigação sobre as circunstâncias da morte será conduzida pelo 3º Distrito Policial.
Uma das principais dicas do Corpo de Bombeiros para evitar esse tipo de ocorrência é deixar, ao lado da cadeirinha, um objeto indispensável como bolsa ou celular. Instalar retrovisor interno no carro que dê visão para o bebê ou mesmo colocar uma chupeta ou fralda no chaveiro do veículo ou no painel, em local visível para o motorista. Outra alternativa simples é a instalação de alarme, que aciona com sensor de movimento.
O bebê foi sepultado na tarde de quinta-feira, 8, no cemitério Jardim da Paz.
Como evitar casos do tipo
Deixar objetos indispensáveis, como bolsa ou celular, ao lado da cadeirinha
Deixar à vista um objeto que lembre a criança, como chupeta ou fralda
Espelho retrovisor para observar o bebê, mesmo quando a cadeirinha estiver na posição de costas
Cadeirinha mais modernas com sensores que emitem avisos sonoros ou alerta no celular de que a criança ainda está no assento
Instalar alarme com sensor de movimento no carro
Waze possui função “lembrete de criança” e envia uma notificação quando o motorista chega ao destino final
Aplicativos como Kars 4 Kids e o BabyOnBoard foram criados especificamente para este objetivo