O ator Tom Hanks, que dá voz ao boneco Woody em “Toy Story“, cujo quarto filme estreia nesta quinta-feira (20), disse que o sucesso da franquia se deve ao “elemento mágico que existe em brinquedos que ganham vida, algo que todo mundo quer acreditar”.
O ator americano alimentou esta ilusão ao acrescentar que, de fato, não se pode comprovar que não seja assim, “porque talvez os brinquedos ganhem vida quando estão sozinhos no quarto”.
“Os brinquedos [em ‘Toy Story’] têm uma vida interior, combinada com histórias e aventuras fantásticas que estão em todos os nossos sonhos e, além disso, refletem todas as mudanças que enfrentamos quando nos tornamos adultos”, afirmou.
Hanks destacou que por trás dos filmes da série “não há bruxaria, nem poção mágica, nem venenos, são brinquedos que ganham vida e enfrentam os problemas que têm, e essa é a chave do sucesso”.
O ator elogiou que em “Toy Story 4” os personagens femininos são fortes e líderes. “As experiências que Betty [uma boneca porcelana] teve lhe permitem estar no comando. É inteligente, como deve ser, e Woody, que é honesto, tem experiência suficiente para saber que não sabe nada e que a candidata natural para liderar é Betty e não tem nenhum problema de ego ou de status”, afirmou.
O vaqueiro Woody, acrescentou, pode ser “um bom exemplo de viver em uma meritocracia e que os inteligentes liderem o caminho”.
Séries e novas plataformas
Sobre a linha tênue que separa atualmente o cinema da televisão, que propiciou uma migração em massa de atores e diretores à pequena tela, Hanks pensa que “o cinema dura duas horas, tem uma estrutura de três atos, enquanto na televisão um episódio pode durar uma hora e pode continuar até o episódio seguinte”.
“Um filme que tenta marcar gerações tem que fazer isso de maneira breve e uma série pode durar cinco anos e isso envolve o público. Além disso, existem restrições econômicas, pois os filmes precisam recuperar o investimento muito rápido, enquanto uma série pode ser eterna, e o retorno pode vir sete anos depois de sua estreia”, acrescentou o ator.
Hanks também se referiu à polêmica sobre o cinema e plataformas como a Netflix, que é “um modelo de negócio em si, que fez muitas coisas muito bem, que são bons fazendo séries longas, mas que não foi capaz de produzir uma filme de duas horas que seja igual ao cinema”.
Para ele, é bom que as plataformas ofereçam algo que se possa ver em casa com um bom sistema de som, mas “a Netflix não poderá se igualar a nenhuma grande sala, na qual um grupo de estranhos se reúne ao redor de uma tela enorme”, onde as pessoas se esquecem de tudo, porque estão imersas “em uma experiência”.
Filmes de guerra
Depois de ter participado em filmes como “O Resgate do Soldado Ryan” e produzido as séries “The Pacific” e “Band of Brothers”, Hanks voltará à II Guerra Mundial em “Greyhound” e “In The Garden Of Beasts”, este último sobre o primeiro embaixador americano na Alemanha nazista.
“Meu interesse específico pela II Guerra Mundial é uma questão de geração, porque meus pais e cuidadores viveram nesse tempo”, confessou Hanks, que disse que “voltar a qualquer período da história é enriquecedor”.
Em qualquer projeto de gênero histórico, “a maior responsabilidade é não alterar os dados por questões de roteiro, você tem que se ater aos fatos” e tentar ver como o que aconteceu afetou o presente.
Hanks contou que volta várias vezes às produções históricas porque gosta de pensar no que faria se ele estivesse “nessas circunstâncias”. “Mas no final não se sabe”, disse.