Desde que a Fifa aprovou a organização de um novo Mundial de Clubes a partir de 2021, a Associação Europeia de Clubes (ECA, na sigla em inglês) ainda não tinha se manifestado. E se alguém esperava um recuo da entidade, se enganou. A ECA manteve a postura que já tinha apresentado, rejeitando a alteração no torneio.
O presidente da ECA, Andrea Agnelli, explicou que o principal problema é o calendário: “nós não estamos dispostos a participar desta competição neste momento por causa do calendário congestionado”, avisou ele, lembrando também que a Copa Africana de Nações e rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 também estão programadas para ocorrer neste mesmo período de disputas do Mundial.
No último dia 15, o Conselho da Fifa ignorou a forte oposição europeia e aprovou um novo formato para o Mundial de Clubes a partir de 2021. Em encontro dos dirigentes da entidade em Miami, o presidente Gianni Infantino confirmou que o torneio passará a contar com 24 equipes e será testado na edição a ser realizada daqui dois anos.
A forma atual de disputa da competição conta com a participação de sete times e o remodelado e inchado torneio substituirá no calendário do futebol o lugar da Copa das Confederações, torneio de seleções que vinha apresentando números decepcionantes de público e audiência e que deixará de ser realizada.
Ao comentar esta mudança, Agnelli chegou a ser irônico e criticou de forma indireta a Fifa ao dizer que a forma pela qual a entidade está tratando os clubes neste caso do Mundial é o mesmo que “administrar a loteria local para o Dia de Ação de Graças”.
“Estamos acostumados a administrar um negócio”, disse Agnelli, cuja família criou a famosa fabricante de automóveis Fiat, do qual ele é herdeiro. “Isso significa que precisamos ter uma visão completa de um projeto que nos é apresentado”, alfinetou.
Entre a série de reivindicações da ECA que estão sendo discutidas com a Uefa também figura o estabelecimento de um limite máximo de jogos de clubes europeus por temporada. Atualmente, um time inglês que tem uma campanha de sucesso ao longo de um ano pode realizar até 52 partidas, enquanto na Alemanha o máximo que uma equipe disputará serão 40 jogos.
Reforma na Liga dos Campeões
A ECA começou a discutir uma reforma na Liga dos Campeões, na qual incluiu, entre as suas reivindicações à Uefa, aumentar o número de times que ganharão vagas no torneio e também promover um inédito rebaixamento de algumas equipes. Estas possíveis mudanças estão sendo discutidas com a entidade que controla o futebol europeu, que poderá confirmar novos formatos para as suas competições continentais a partir de 2024.
Andrea Agnelli, presidente da ECA e da Juventus, da Itália, afirmou que a promoção e o descenso de equipes é uma consequência “natural dentro do ambiente do futebol”. O dirigente comentou sobre o assunto durante uma reunião entre membros da associação que congrega cerca de 200 clubes europeus e foi realizada em Amsterdã, na Holanda.
Atualmente, os campeões da Liga Europa garantem classificação à edição seguinte da Liga dos Campeões. Pelas reformas propostas pela ECA, os vencedores de uma terceira competição a ser lançada em 2021, e de status inferior ao das duas principais de clubes hoje no Velho Continente, também terão direito a uma vaga na Liga Europa.
“Isso é certamente algo que é lógico para um sistema aberto. Pode ser lógico internacionalmente”, disse Agnelli, sinalizando que as negociações sobre este assunto serão tratadas com a Uefa nos próximos meses.
O dirigente italiano também revelou que conversas entre líderes da Uefa e da ECA começaram na semana passada e que as mesmas vão levar o órgão máximo do futebol europeu a decidir em “12 a 18 meses” sobre os novos formatos de suas competições de clubes, em reformas que seriam colocadas em prática a partir de 2024. Para promovê-las, porém, a Uefa também precisará realizar consultas com grupos que representam ligas europeias e com outros interessados que serão impactados com estas mudanças.