Sem poder entrar em campo, com contratos de patrocínio vencendo e sem dinheiro da TV, Mirassol e Grêmio Novorizontino tentam traçar planos para honrar os salários dos jogadores e manter os clubes financeiramente saudáveis para o segundo semestre.
No dia 16 de março, a Federação Paulista de Futebol paralisou o Campeonato Paulista devido à pandemia do novo coronavírus. Para os times do Interior, surgiram a questão: como continuar a pagar os salários e manter patrocinadores e jogadores se não há certeza que o campeonato será terminado dentro de campo? O quebra-cabeça tem dois componentes-chave: a retomada da competição e o pagamento dos direitos de TV. Nenhum dos dois fatores, porém, é garantia a curto ou médio prazo.
Tanto Mirassol quanto Novorizontino apostam na continuidade das atividades no segundo semestre, já que as duas equipes participam do Brasileiro da Série D e montaram um planejamento maior. Mesmo assim, há contratos que vencem no final de abril, com a data original da final do Campeonato Paulista e que já são renegociados. O Brasileirão da série D, que começaria dia 3 de maio, não tem data definida para o pontapé inicial.
E como tudo depende de dinheiro, a preocupação maior gira em torno dos repasses do Grupo Globo, dono dos direitos de transmissão do Campeonato Paulista. A data estabelecida inicialmente para o pagamento era o dia 15 de abril, mas o dinheiro ainda não caiu na conta, pelo fato dos jogos não estarem sendo realizados. “Nossa preocupação é daqui para a frente. Por isso que a gente depende da continuidade da competição. Temos que entregar o produto, que é o campeonato”, afirma o presidente do Mirassol, Edson Ermenegildo.
A dificuldade é a mesma em Novo Horizonte. O clube se mostrou aliviado em relação a continuidade da competição, mas já sabe que o restante do ano tende a ser muito mais difícil. “Cada clube tem a sua dificuldade. Cada equipe já está de acordo com a sua realidade. A dificuldade será para todos”, diz Genilson da Rocha Santos, presidente do clube.
Além dos direitos de TV, os clubes ainda renegociam os contratos com os patrocinadores. Com a queda brusca no faturamento, a maioria deles tem negociado para reduzir os repasses durante a pandemia, mas assim que a atividade econômica for retomada, os contratos devem ser restabelecidos. “Eles pediram uma redução na parcela e assim que retornarem os campeonatos, as parcelas serão retomadas”, explica Edson.
Uma videoconferência foi realizada entre os 16 clubes que jogam o Paulistão na última quarta-feira (15), e ficou acordado que o campeonato será retomado assim que as autoridades de saúde permitirem.