Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criaram um teste de saliva que é capaz de dizer se um homem é gay. Um estudo sobre o assunto foi apresentado no encontro anual da Sociedade Americana de Genética Humana (ASHG).
A pesquisa, liderada por Tuck Ngun, concluiu que efeitos epigenéticos podem ter influência na orientação sexual de homens. A epigenética se refere às modificações químicas do genoma humano que alteram a atividade do gene, mas sem alterar a sequência de DNA.
Isso significa que as experiências também podem alterar alguns genes, que são transmitidos de pai para filho. A evidência mais forte de que o ambiente desempenha um papel na homossexualidade está ligada a estudos de pares de gêmeos idênticos, em que um irmão é gay e o outro não.
Eles identificaram nove regiões do gene onde os padrões epigenéticos foram distintos entre os gays e seus irmãos heterossexuais. Usando essas regiões, eles criaram um algoritmo que deduz a orientação sexual de um homem a partir de uma amostra de saliva. O testo foi capaz de acertar em 66% dos casos.
Se a hipótese estiver correta, as marcas epigenéticas das mães podem ter sido apagadas em um dos gêmeos, mas não em outro. Ou ainda, enquanto um não herdou os marcadores, o outro adquiriu-os no útero.
Darren Griffin, professor de genética da Universidade de Kent, escreveu em um comunicado que ele prefere esperar até Ngun publicar sua pesquisa antes de tirar conclusões precipitadas “Meu pressentimento de que a associação pode não ser tão simples como sugere”, acrescentou.
História antiga
A primeira vez que a ciência mostrou evidências da conexão entre a genética e a homossexualidade foi em 1993, quando o geneticista Dean Hamer publicou uma pesquisa. Ele afirmava que os genes da homossexualidade residiam em uma região do cromossomo X. Porém, não conseguiu provar os resultados em testes.
Depois disso, estudos com gêmeos comprovaram que sequências de genes não podem ser a única explicação para a homossexualidade. Segundo pesquisas, o gêmeo idêntico de um homem gay tem chance de 20% a 50% de ser gay, mesmo que eles tenham o mesmo genoma.
Foi apenas em 2012, com o estudo do pesquisador William Rice, que a ciência descobriu que as marcas epigenéticas que continuaram vivas podem levar a homossexualidade quando são passadas de pai para filho ou de mãe para filho.