As tentativas de golpes por meios digitais – como computadores e celulares – cresceram 20% no segundo trimestre deste ano no Brasil.
Para o golpista, basta uma oportunidade. A isca para a fraude pode vir por email, mensagem de celular ou em sites falsos.
O operador de máquinas Fábio da Silva Pereira entrou em um site de leilão de veículos. Ele deu um lance de R$ 59 mil sem nunca ter visto o carro pessoalmente. Recebeu até uma nota fiscal com QR Code.
“Eu fiz um pix, uma transferência via pix, no valor de R$ 59 mil. O site parecia, até então, ser um site legalizado, bem direito, nós ficamos acompanhando. Tive que fazer a inscrição no site, entrar com o meu documento, meus dados, tudo direitinho, e fiz todo o procedimento para poder fazer o lance”.
Apenas 24 horas depois de fazer o pagamento, ele percebeu que tinha caído num golpe e registrou o caso na polícia.
Quem não caiu, conhece alguém que já se deu mal. No Rio de Janeiro, a média é de 14 casos por hora. E em todo Brasil, há uma tendência de crescimento desse tipo de crime, é o que revela uma pesquisa recente sobre o assunto.
Um levantamento da Transunion, empresa global de informações e soluções. mostra que as tentativas de fraude digital no país cresceram 20% no segundo trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2021 – 27% das pessoas entrevistadas na pesquisa indicaram que já foram alvo de fraude online nos últimos três meses.
“Vários negócios foram para o meio digital após a pandemia e os fraudadores estão se aproveitando para aumentar o número de tentativas de golpe”, explicou o diretor de estratégia e planejamento da Transunion Brasil, Celso Nogueira.
Dados de uma empresa especializada em segurança on-line mostram que, no Brasil, quase 1,5 milhão de golpes foram bloqueados só em julho.
As tentativas aumentaram sete vezes em relação ao mesmo mês do ano passado (julho de 2021, 187.886 / julho de 2022 1.395.388).
A vendedora Renata Gonçalves trocou mensagens com o ladrão pensando que era o filho. Ela acreditou nas mensagens que diziam que o celular dele tinha quebrado no chão e caiu no golpe.
“Ele falou assim: Mãe, você não teria R$ 455 para eu pagar um rapaz que estou devendo numa loja e amanhã quando eu pegar meu telefone eu te pago? Porque até tinha como pagar com meus aplicativos, mas meu outro telefone está na assistência técnica”, relembrou Renata.
Ela prossegue:
“Falei que tudo bem. Só que disse: Eu não tenho R$ 455, só tenho R$ 300. Serve? Ele falou que sim e eu fiz o pix de R$ 300”.
Segundo especialistas em crimes virtuais, é importante estar sempre atento e desconfiar quando a oferta é boa demais.
A internet não é um ambiente sem lei.
“O crime cibernético deixa rastros, as vezes mais que o crime físico. Então, é possível, sim, localizar esses criminosos por investigações realizadas por policias, que inclusive hoje contam com delegacias especializadas, e punir esses cibercriminosos”, afirmou o advogado Luiz Augusto D Urso.