segunda, 23 de dezembro de 2024
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Técnica para acalmar bebês realmente funciona?

Todos os pais sabem o quanto é desesperador tentar acalmar um bebê que não para de chorar. Às vezes, nada parece funcionar: cantar, fazer caretas, balançar, levar para passear… Todas…

Todos os pais sabem o quanto é desesperador tentar acalmar um bebê que não para de chorar.

Às vezes, nada parece funcionar: cantar, fazer caretas, balançar, levar para passear… Todas as tentativas são em vão, e o bebê continua a chorar como se não houvesse amanhã – e, às vezes, ainda mais forte do que antes.

Por isso, supostos métodos infalíveis ou “fórmulas mágicas” que permitam acalmar os pequenos em apenas alguns segundos são vistos com muita desconfiança.

Porém, há um vídeo distribuído pelo pediatra americano Robert Hamilton – que já tem mais de 14 milhões de visualizações no YouTube – que parece provar o contrário.

Nas imagens, Hamilton, que pratica pediatria há mais de três décadas, assegura que vem usando seu método, chamado “The Hold” (a pegada, em inglês) há anos e que ela é uma “grande ajuda” para acalmar bebês de até 3 meses e “fazer com que se mantenham tranquilos”.

“Tenho usado a técnica há mais de 20 anos, e ela evoluiu ao longo do tempo”, disse Hamilton à BBC Mundo. “É muito simples e, se é feita da maneira correta, é muito efetiva.”

Passo a passo

O pediatra demonstra no clipe como aplicar a técnica: ele se aproxima de vários bebês que choram vigorosamente e, em questão de segundos, faz com que eles se acalmem.

Parece um método infalível. Mas como funciona exatamente?

O Dr. Hamilton recomenda seguir quatro passos:

Baseado em Santa Monica, na Califórnia, o pediatra diz que o “fundamental é fazer uma sequência suave e evitar movimentos bruscos”.

Há riscos?

No entanto, alguns especialistas advertem sobre o risco de que os pais apliquem o método sem antes consultar um médico.

“Não recomendaria que seja usado pelos pais por conta própria”, diz Santiago Mintegi, coordenador do Comitê de Segurança e Prevenção de Lesões não intencionais da Associação Espanhola de Pediatria (AEP).

Mintegi trabalha há muitos anos na unidade de urgências pediátricas do Hospital Universitário de Cruces e afirma que, apesar do método de Hamilton poder ser eficaz, “ninguém provou que seja mais útil que outros métodos (de acalmar bebês)”.

O especialista explica que um aspecto fundamental é a tranquilidade com que o médico californiano segura os bebês quando aplica a técnica, algo que “não é fácil para os pais, quando o filho está chorando há uma hora e não conseguem acalmá-lo de forma alguma”.

Mintegi também adverte sobre os perigos de lesionar o bebê ao aplicar o método. “Se uma pessoa inexperiente faz isso e não está bem instruída, pode gerar uma lesão, especialmente se for um recém-nascido”.

E acrescenta: “Aconselho que consultem um pediatra, que os possa instruir, antes de testá-lo por conta própria”.

Posição fetal
Por sua vez, Hamilton incentiva que os pais testem seu método: “Qualquer pessoa pode fazer, desde que tenha cuidado para não realizar movimentos bruscos e siga as instruções ao pé da letra. Nunca tive um problema com um paciente”.

“Um dos maiores prazeres que tenho na vida é poder ajudar a milhares de bebês recém-nascidos, e o desafio dos pediatras é poder se comunicar claramente e dar informações precisas aos pais”.

O motivo pelo qual o método só pode ser aplicado até 2 ou 3 meses de vida é porque, depois disso, os bebês “pesam demais para mantê-los nesta posição”, diz o médico.

Segundo Hamilton, a técnica funciona porque é uma “posição cômoda para o bebê e que se assemelha à sua posição no útero, na qual ficaram por muito tempo”.

“É uma posição fetal na qual ficam cômodos e felizes e que eles reconhecem facilmente.”

Mãos largas

Mas Mintegi diz que este argumento pode ser refutado, já que “convém recordar que o feto se coloca de cabeça para baixo no útero durante o último mês de gestação”.

Hamilton diz que esta mudança no final da gravidez não afeta a eficácia da técnica, que funciona com 90% dos bebês, segundo médico. Mas ele alerta que que não deve ser aplicada naqueles que estão doentes ou com fome.

Também afirma que o método foi pensado para ser praticado por homens, porque “costumam ter as mãos mais largas do que as mulheres”.

“Para as mulheres que têm mãos pequenas, é melhor praticar a técnica com a ajuda de uma manta, para garantir a posição correta do bebê”, recomenda.

“Também não funciona se o motivo do choro é a fralda estar suja ou ânsias de vômito, por exemplo. É preciso pensar em todas as razões pelas quais o bebê pode estar chorando”, afirma Hamilton.

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