O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta segunda-feira (20) que ainda não é possível saber o que sobrou da rodovia Rio-Santos após as fortes chuvas que atingiram o Litoral Norte. Segundo ele, alguns trechos podem não existir mais.
Tarcísio sobrevoou as áreas devastadas em São Sebastião nesta manhã. Segundo o governador, foram identificados 10 pontos de bloqueios na rodovia Rio-Santos.
“A gente contabilizou mais de 10 pontos de bloqueio, alguns de grande extensão, em alguns pontos a gente não sabe exatamente o que sobrou da rodovia, porque é um volume de terra tão grande que se deslocou em uma extensão tão grande que a gente até levanta a hipótese de a rodovia ter sido arrastada junto, de a rodovia não existir mais”, afirmou em coletiva de imprensa no início da tarde.
Imagens aéreas enviadas ao g1 mostram a estrada Rio-Santos completamente destruída por deslizamentos de terra (veja no vídeo abaixo).
O trecho atingido é a SP-055, Rodovia Governador Mário Covas, que liga a Barra do Sahy à Praia Preta, em São Sebastião, região mais afetada pelos temporais. A via é o principal acesso de saída para São Paulo.
Encontro com Lula
Nesta segunda, Tarcísio se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também sobrevoou a região atingida por tempestades.
Lula defendeu uma ação conjunta para enfrentar a tragédia e falou em construir casas em “terrenos seguros” para famílias da região.
Tragédia
As tempestades provocaram alagamentos, deslizamentos e também interditaram trechos da Rio-Santos, Mogi-Bertioga e Tamoios.
Trechos do litoral, como Juquehy e Barra do Sahy, estão inacessíveis. Quarenta mortes haviam sido confirmadas até as 19h. Outras 36 pessoas estavam desaparecidas.
A Mogi-Bertioga segue sem previsão de liberação. O asfalto cedeu na altura do KM 82, no trecho de Biritiba-Mirim, e uma cratera se abriu na pista devido ao rompimento de uma tubulação.
A orientação é de que os motoristas evitem ir ao litoral. Se necessário, as rotas alternativas são a rodovia dos Tamoios, Oswaldo Cruz e Imigrantes. A Oswaldo Cruz ainda tem interdição parcial na altura do KM 58, em Natividade da Serra.
Segundo a Defesa Civil, o volume de chuva entre sábado e domingo superou o esperado para todo o mês de fevereiro em três das quatro cidades do Litoral Norte (São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba).
Corpos em sala de aula
Ao menos 20 corpos de vítimas das fortes chuvas que atingiram o Litoral Norte de São Paulo foram colocados em cima de mesas de uma sala da aula do Instituto Verdescola, na Barra do Sahy, em São Sebastião.
Na porta das salas, os voluntários fixaram um papel com a identificação de algumas vítimas, mas sem o sobrenome. Foram incluídas informações de referência, como nome dos vizinhos, parentes ou namorados.
Os voluntários pedem ajuda para itens de primeira necessidade, como kits de higiene e água. Um posto de saúde também foi improvisado para atender as vítimas.
Veja, abaixo, as principais informações sobre a tragédia:
No Litoral Norte, morreram ao menos 36 pessoas, sendo 35 em São Sebastião e uma em Ubatuba, informaram as prefeituras.
Uma das vítimas é uma menina de 7 anos que, na madrugada de domingo (19), teve a casa destruída por uma pedra de duas toneladas em Ubatuba. Em São Sebastião, uma mulher de 35 anos morreu depois que a casa dela foi atingida por uma árvore.
Segundo o governo estadual, mais de 560 pessoas precisaram deixar suas casas no litoral. De acordo com registros oficiais, 228 pessoas ficaram desalojadas, e 338, desabrigadas.
O prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), afirmou neste domingo que 50 casas desabaram na cidade e disse: “Cena assustadora”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decretou estado de calamidade em Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba.
Helicópteros da PM enfrentaram dificuldades para resgatar vítimas devido ao tempo fechado. O Exército enviou aeronaves para ajudar nos trabalhos. A operação de buscas em São Sebastião e Ubatuba envolve mais de 100 bombeiros.
Em vários pontos do litoral paulista, houve registros de falta de água, luz e sinal de celular.