O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta quinta-feira (15/2), em entrevista no litoral, que “daria nota zero no quesito fantasia” à escola de samba Vai-Vai pelo desfile de Carnaval realizado no último sábado (10/2). A agremiação do Bexiga, região central da capital, trouxe policiais militares representados como demônios.
O governador classificou a ação como “deboche” e disse que a Polícia Militar (PM) é uma instituição que “merece respeito”. Por isso, achou a atitude péssima.
Os PMs representados como demônios foram uma alusão ao Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando a Polícia Militar matou 111 presos desarmados dentro da extinta Casa de Detenção, na zona norte da cidade.
A ala se chamou Sobrevivendo no Inferno, uma referência ao disco lançado em 1997 pelo grupo de rap Racionais MCs que trouxe a música Diário de um Detento, que faz referência ao massacre.
A escola de samba afirmou, em nota, que seu gesto não foi um ataque individualizado ou uma provocação, mas “uma justa homenagem” aos Racionais. A atitude, contudo, provocou um amplo debate entre militantes de direita e de esquerda.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) havia apontado suposta “inversão de valores” com a alegoria. “Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala Sobrevivendo no Inferno demonizaram a polícia – algo que causa extrema indignação”, disse a entidade.
Já o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), enviou à Liga das Escolas de Samba um ofício feito por parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que pede que a Vai-Vai deixe de receber recursos públicos para fazer seu desfile no ano que vem.