sábado, 23 de novembro de 2024
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Sustos vieram para correções serem feitas, diz Leão

Campeão mundial em 1970, Emerson Leão se mostra confiante em uma reação da Seleção na Copa do Mundo da Rússia e aposta no trabalho de Tite para que a equipe…

Campeão mundial em 1970, Emerson Leão se mostra confiante em uma reação da Seleção na Copa do Mundo da Rússia e aposta no trabalho de Tite para que a equipe volte a ter segurança dentro de campo – como demonstrou nos amistosos e na boa campanha pelas Eliminatórias.

Ao jornal Estado, ele diz que os “sustos” até aqui no Mundial (empate contra a Suíça e vitória nos acréscimos diante da Costa Rica) vieram para mostrar que ajustes precisam ser feitos.

Qual sua avaliação dos primeiros dois jogos do Brasil na Copa?

Ainda que todos nós brasileiros tenhamos nos acostumado ao melhor desempenho dos amistosos, é preciso reconhecer que, dentro do ruim que aconteceu, houve avanço de um jogo para o outro, mesmo contra um adversário mais fraco. Mas amistoso é amistoso e Copa é Copa. Não podemos ficar numa corda bamba de ganhar jogo na prorrogação contra a Costa Rica. A próxima partida vai ser contra um adversário mais difícil, mas que temos que ganhar. Acredito que sairemos para jogar e isso deve facilitar. O Tite deve mexer na equipe. Pouca coisa, mas deve mexer. E quando encaminha bem o time, sobe na competição e tudo fica positivo. Mas todos estão apreensivos também com algumas atitudes dos nossos atletas.

É um descontrole emocional?

É um pouco de tudo. Um exemplo: a falta de rendimento num esquema que talvez possa estar limitando alguns atletas, como o Willian, que rende mais no meio. Já tivemos dificuldades pela direita, ainda que o Fagner tenha entrado bem. A estrela do time (Neymar) também está desequilibrada por diversos motivos e não cabe a mim julgá-lo. Nosso time precisa estar consciente do que é uma Copa. Do que cada um ali representa para o País. Não dá para cometer erros primários de nervosismo ou ataques histéricos.

Como essa pressão afetou o trabalho do Tite?

O Tite está lá por mérito próprio. Isso é bom. Ele estabeleceu uma doutrina dentro da seleção dele. E é conservador dentro dessa doutrina. Para fazer algo mais radical, ele demora um pouco mais, mas ele tem capacidade para perceber tudo isso. Ele também sentiu uma pressão. Mas o ponto positivo é que, mesmo sem um futebol brilhante, o resultado veio (contra a Costa Rica). Então esse tipo de susto veio para mostrar que correções precisam ser feitas. E ele tem tempo e capacidade para isso.

Então essas cobranças são justificáveis?

Sim, a cobrança é normal. A maior rivalidade do Brasil é contra a Argentina, e perdemos para eles. O único jogo que o Tite perdeu. A rotina era de felicidade, e então algumas pessoas ficaram “invocadas” pela derrota. As coisas são assim. Se o Brasil vencer bem (a Sérvia) e se classificar com tranquilidade para as oitavas, o caminho volta a ser positivo. Temos coisas positivas: nossos zagueiros estão bem. E, na minha opinião, acho que o Brasil deveria ter um capitão definido, ao invés do rodízio. Pois quando precisa, às vezes um olha para o outro e ninguém sabe a quem recorrer.

Quem deveria ser capitão?

Eu não estou na Copa e acho que ninguém deve dar palpites de fora. Engenheiro de obra pronta é muito fácil. Mas tem que respeitar a individualidade sabendo que a individualidade também precisa trabalhar pelo conjunto. Um líder tem que ser líder. Se não tem um líder, tem que escolher um.

Te surpreendeu os inícios ruins de Alemanha e Argentina?

A Copa não começou com as realidades. As realidades não se apresentaram bem e algumas perderam. Vamos ver a segunda fase se essas realidades estarão lá, porque aí voltamos à estaca zero. Uma coisa que me preocupa é que a cada Copa mostra-se um distanciamento cada vez maior entre sul-americanos e europeus. O europeu contrata o mundo todo e doutrina como eles querem, e aí as origens das outras regiões acabam se perdendo.

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