“Simbora que vai ter mulher preta, trabalhadora doméstica e sem teto na Assembleia Legislativa de São Paulo!” Foi com esta mensagem nas redes sociais que Ediane Maria (PSOL) celebrou, nas redes sociais, os 175.617 votos que a elegeram deputada estadual em São Paulo, na noite deste domingo (2).
Negra, LGBT e mãe solo de quatro filhos, Ediane veio do sertão de Pernambuco para o estado de São Paulo quando tinha 18 anos, há quase duas décadas. Na capital paulista, começou a trabalhar como empregada doméstica.
Há cerca de cinco anos, integrou a ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo, que chegou a ter mais de 12 mil famílias.
Hoje faz parte da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), além de ter sido uma das fundadoras do movimento negro Raiz da Liberdade.
A entrada na política surgiu, segundo ela, para preencher lacunas. Ediane aponta que, apesar de o estado de São Paulo ter quase 23 milhões de mulheres, só havia 18 na Alesp. Se no estado existem mais de 18 milhões de pessoas pretas, na Alesp são apenas cinco negros (agora são 18).
“Só na cidade de São Paulo temos mais de 60 mil sem teto. E na Alesp, nenhum. O Brasil é o país que mais tem empregada doméstica, e na Alesp não tem nenhuma – até agora”, destaca.
O crescimento da campanha, segundo ela, foi para além do MTST e das comunidades. “Atingiu também o Centro de São Paulo. Muita gente passou a acreditar na campanha”, explica.
“As pessoas viram que a política está mais próxima da gente do que a gente imagina, e que é possível fazer política de um jeito diferente”, completa.
Agora que foi eleita, ela garante que vai representar vozes que muitas vezes são silenciadas.
“Eu não vou ocupar a Alesp sozinha. Serei representante de milhares e milhões de trabalhadores sem direitos, dos trabalhadores sem teto, dos negros e negras deste país”, afirma.
Entre suas pautas prioritárias estão o direito à moradia, o antirracismo e o acesso à cidade.